A energia gerada a partir de biomassa do bagaço de cana-de-açúcar poderia abastecer mais da metade dos consumidores do Estado de São Paulo, com seus 45 milhões de habitantes. De acordo com a COGEN (Associação da Indústria de Cogeração de Energia), a capacidade instalada para esse tipo de energia é de 10,8 gigawatts (GW). Já a UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar) estima que o Brasil possui potencial para implementar adicionalmente cerca de 20 GW de cogeração de biomassa da cana-de-açúcar. Tal potencial engloba apenas as áreas já plantadas de cana-de-açúcar no Brasil. A avaliação foi apresentada durante a Fenasucro 2016.
Para destravar esse potencial, a COGEN e a UNICA preparam, em parceria com a Thymos Energia, um estudo para definir o valor de referência (VR-ES) a fim de possibilitar a comercialização da cogeração da biomassa. Para o presidente da COGEN, Newton Duarte, destravar a indústria de cogeração de energia é fundamental em diversos aspectos. “A indústria de cogeração de energia será essencial para complementar a geração hidrelétrica. Estamos trabalhando para utilizar todo esse potencial já disponível, sendo que nenhum hectare a mais de cana necessitaria ser plantado”, afirmou Duarte. As entidades também estão conversando com o Ministério de Minas e Energia para viabilizar a realização de um leilão de biomassa e biogás no início de 2017.
Hoje, no Brasil, a principal biomassa advém da cana-de-açúcar. De cada tonelada do produto, 250 kg são de bagaço e outros 204 kg de palha e pontas que podem ser aproveitadas para geração de energia elétrica. “São inúmeros os benefícios da expansão da indústria de cogeração distribuída”, completou o presidente da COGEN.
Além de demandar menos investimentos para a implementação de projetos, a cogeração de energia a partir da biomassa está em geral localizada junto aos centros de carga, diminuindo consideravelmente os custos de transmissão. Haveria ainda preservação dos reservatórios hidrelétricos no Sudeste e no Centro-Oeste.
Em junho deste ano, foi sancionada a Medida Provisória (MP) 706/2016, que possibilitou a total utilização da capacidade de geração das usinas de açúcar e etanol. Pela regra anterior, as usinas que produziam até 30 MW teriam direito a descontos de 50% nas tarifas de uso dos sistemas de distribuição e transmissão (Tusd e Tust). Quando a produção superasse os 30 MW, a térmica perderia o direito total desse desconto.
Com a mudança, a cobrança do encargo “cheio” será feita apenas para a parcela de energia que superar os 30 MW, desde que a usina exporte até 50 MW. A Lei 13.299 de 2016 aguarda regulamentação da Aneel para que as usinas enquadradas nessas regras possam finalmente tornar viável economicamente a utilização da capacidade total das usinas. A avaliação feita pela COGEN estima um potencial de 500 MW médios adicionais no sistema interligado nacional.
Vantagens da utilização do bagaço e palha da cana de açúcar:
· Criar confiabilidade e segurança energética para os grandes centros consumidores (Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste);
· Evitar perdas de até 12% do sistema de transmissão;
· O ciclo de produção da biomassa da cana-de-açúcar auxilia na captura de carbono da atmosfera;
· É uma energia renovável;
· Possibilita a produção de biogás proveniente da biodigestão da vinhaça;
· Oferece mais um produto para o setor sucroenergético, promovendo sua maior competitividade;
É altamente disponível e com potencial de ser incrementado com a utilização da palha através da colheita mecanizada;