Sem receber pedidos de financiamento de empresas de fertilizantes desde 2000, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se prepara para voltar a emprestar ao setor, que já anunciou investimento de R$ 7,2 bilhões para expansão de seus negócios ao longo dos próximos cinco anos. “Temos a expectativa de que as companhias venham a recorrer sim a financiamentos”, revelou Cintia Moreira, chefe do Departamento de Indústria Química do BNDES. “A gente tem tido contato com elas e a intenção é realmente fazer esses investimentos”, completou.
O setor já está no radar de grandes companhias, como a Vale e Petrobras, que informaram publicamente a intenção de ter uma presença mais relevante em fertilizantes. A expectativa é de que haja uma movimentação ainda maior agora que a Anglo American informou seu plano de reestruturação, que inclui a venda da Copebrás, empresa produtora de fosfato em Goiás.
A companhia foi a última no setor a receber um financiamento do BNDES. O gerente de Departamento de Indústria Química do banco, Marco Antônio Pompeu, conta que a Copebrás recebeu US$ 70 milhões na época.
Cintia Moreira acredita que o segmento de fertilizantes tem um grande potencial de crescimento no País em função da agricultura ser um dos carros-chefe das exportações brasileiras. Nos últimos anos, observou, o consumo cresceu em escala maior do que a produção. “As maiores empresas do setor agora estão anunciando investimentos. Essa é a expectativa. A Fosfértil já anunciou, a Iara e a Bunge também já anunciaram”, lembrou.
O diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, explica que o Brasil é atualmente o quarto maior consumidor de fertilizantes no mundo, atrás da China, Índia e Estados Unidos. Juntas, as lideres do ranking, China e Índia, respondem pela metade da demanda mundial de fertilizantes. Apesar da grande diferença de tamanho, o diretor observa que o consumo brasileiro vem crescendo a taxas mais elevadas do que as registradas pelos dois países. De 1990 para cá, estima, a demanda brasileira aumentou uma média de 7% ao ano, contra uma expansão de 5% registrada pela China e a Índia no período.
Interessada no setor, a Vale chegou a cogitar a possibilidade de entrar na briga pela gigante americana Mosaic, mas, retrocedeu após os desgastes com o governo. Desde o final do ano passado, a companhia tem sido alvo de críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ter cortado o orçamento deste ano em U$ 5 bilhões.