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Economia

Bolsa de comercialização de suínos e sistema de bem-estar animal são destaques na missão Franco-Ibérica da suinocultura

O que chamou atenção do grupo foi que a tendência da bolsa é calculada de acordo com a lei da oferta e demanda.

Bolsa de comercialização de suínos e sistema de bem-estar animal são destaques na missão Franco-Ibérica da suinocultura

O grupo de empresários e suinocultores brasileiros que está participando da missão franco-ibérica de suinocultura conheceu nesta quinta-feira, 24/05, o mercado de porco da Bretanha, maior região de produção de suínos da França. O Marché du Porc Breton, localizado na cidade de Plérin, comercializa em torno de 15% a 20% de toda produção de suínos da França, através de um sistema de pregão eletrônico. No dia da visita foram comercializados 55 mil animais de mais de 500 pequenos produtores. Os animais são divididos em lotes e ofertados em um sistema eletrônico onde os lances podem ser presenciais ou através da internet. Apesar de comercializar apenas 1/5 de toda produção francesa, este mercado serve de preço base para toda a França.

“O que chamou atenção do grupo foi que a tendência da bolsa é calculada de acordo com a lei da oferta e demanda, ou seja, a cada semana na negociação há relação entre o número de animais ofertados e o número de animais que cada frigorífico indica que precisa comprar”, comentou a coordenadora nacional do PNDS, Lívia Machado. Segundo ela, essa revelação é feita de forma concomitante e isso os permite trabalhar sempre com uma variação máxima de 0,6 centavos de euros para aumento ou queda no preço. “Essa condição permite tanto a produtores quanto a compradores a projeção de um fluxo de caixa mais preciso e um equilíbrio maior no negocio já que ele conhece as possibilidades de variação no preço”, explica.

Para o presidente da Associação dos Suinocultores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (ASTAP), Altair Olimpio de Oliveira, a bolsa de suínos surpreendeu pela organização e dinamismo. “O encontro reúne produtores, cooperativas e frigoríficos de forma organizada, buscando sempre o equilíbrio para a cadeia. Diferente da bolsa que realizamos em Minas Gerais, os valores nunca ficam em aberto, já que há um personagem neutro que define o preço quando não a consenso”, comenta.

Segundo o presidente da Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap), Fernando Soares, a realização da bolsa é “o sonho de consumo de todo o suinocultor”, mas, ele reforça que está longe da realidade do Brasil. “Temos produções muito distintas e ainda contamos com um espaço demográfico gigantesco de produção, por isso não temos condições de balizar um único preço para todas as regiões”, explica. “Acredito que o conhecimento que adquirirmos nas visitas, pode sim trazer novas visões para o que fazemos e assim adaptar a nossa realidade”.

Uma verdadeira suinocultura de precisão pode ser conferida pelos empresários brasileiros em visita à granja da Optimal Pork Production (OPP). O objetivo da empresa é oferecer os serviços necessários para a criação de suínos, de maneira eficaz, dentro de todas as possibilidades. Para consultor o técnico do Sebrae Minas, Fernando Ataíde, a visita oportuniza ao Sebrae conhecer as tendências de negocio e identificar oportunidades de negócios. “Na OPP, por exemplo, conhecemos a inciativa da granja escola, um empreendimento que pode funcionar no Brasil por meio do Sebrae”, comentou. Atualmente a OPP atende mais de 300 mil matrizes no estado, com cerca de 20 consultores especializados.

Os participantes da missão franco-ibérica de suinocultura também estiveram no dia 22 de maio na sede da Cooperativa Agropecuária de Guissona, na cidade homônima, na Espanha, onde conheceram um pouco mais do sistema de comercialização da Cooperativa. O Grup Alimentare Guissona, detentor da marca Bonarea, atua ao longo de toda cadeia produtiva de suínos. Atualmente possui mais de 400 pontos de venda direto ao consumidor. Com abate superior a 6 mil suínos/dia, e maior parte de sua carne comercializada in natura, o grupo fornece também para diversos varejistas na Espanha e outros países da Europa. O grupo é o primeiro da França e o 5º maior da Europa em comercialização de carne suína.

“A Cooperativa se diferencia porque trabalha em atendimento total ao produtor ( presta serviços a ele oferecendo desde a nutrição da granja, medicamentos, até a venda do suíno produzido entre outras áreas como financeira)”, comenta o presidente as ABCS, Marcelo Lopes, e explica que são mais de 2.700 produtores em sua maioria independentes que possuem cerca de 200 matrizes. A cooperativa possui ao todo 4.800 colaboradores que prestam serviço especializado. “Foi extremamente produtiva a visita porque o grupo de cooperativas presentes (Suinco e Coosuiponte) puderam conhecer um exemplo de cooperativa que expandiu seus serviços aos produtores em diversas aéreas, mas o que mais chama atenção é que eles garantem aos produtores a compra de 100%por cento do seu produto”, comentou Lívia Machado.

Meio ambiente e sustentabilidade

Na sexta-feira, dia 25, os missionários conheceram a Cooperl Arc Atlantique, a principal indústria de carne suína da França, que produz seis milhões de suínos ao ano (1,2 milhão de toneladas em 2009), faturou dois bilhões de euros no ano passado e possui doze milhões de consumidores em todo o mundo. A empresa exporta para 13 países e mantém uma produção totalmente verticalizada e cativa no segmento suíno, contando atualmente com 1350 criadores. No fim do período, a visita foi a uma usina de tratamento de resíduos de quatro granjas ligadas à Cooperl, que transforma 15 mil metros cúbicos de dejetos de quatro granjas da região em fertilizantes seco e líquido.

A missão faz parte das ações do Sebrae/MG e da Associação de Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG) no Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS). O grupo está viajando desde 18 de maio por cidades consideradas polo da suinocultura europeia como Llieida na Espanha e Rennes na França.