Criada há 20 anos, a Bolsa de Suínos de Minas Gerais tem gerado resultados positivos para os produtores e frigoríficos instalados no Estado. O sistema, implantado pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), tem como objetivo estreitar os laços entre os criadores e a indústria e buscar preços que gerem lucro para toda a cadeia produtiva.
De acordo com o presidente da Asemg, João Bosco Martins de Abreu, semanalmente é realizada uma reunião entre os produtores e representantes de frigoríficos para fixação dos preços a serem praticados na semana seguinte. O mecanismo é considerado fundamental para unir os produtores e ampliar os conhecimentos sobre o mercado e a criação de suínos no Estado.
“Através das reuniões da bolsa conseguimos reunir informações sobre os preços de venda, custos e problemas enfrentados por suinocultores de todas as regiões produtoras do Estado, o que facilita e agiliza a tomada de decisões e a busca de soluções para minimizar os problemas”, disse Martins de Abreu.
A reunião da bolsa, realizada toda quinta-feira, tem duas etapas. Na primeira, apenas com os produtores presentes na sede da Asemg e por meio de videoconferência, são levantados os principais problemas, os custos de produção, a demanda e a cotação do produto em todas as regiões produtoras do Estado. Nesta fase também são estabelecidos os preços mínimos de comercialização com a indústria.
Na segunda etapa, os produtores e os representantes dos frigoríficos instalados no Estado se reúnem em busca de um acordo de preços que seja favorável tanto para os produtores como para a indústria.
“Temos a oportunidade de negociar em conjunto e diretamente com os frigoríficos. O resultado é uma maior aproximação dos setores através da formação de preços baseados nas condições de mercado, buscando gerar lucro tanto para os produtores como para os frigoríficos”, disse Martins de Abreu.
Para que as informações sobre a produção e o mercado sejam as mais atuais, os profissionais envolvidos no processo sempre estão investindo na maior capacitação e na busca por parcerias que possam ampliar a visão sobre o segmento.
Parceria – De acordo com o presidente da Asemg, uma das negociações abertas neste ano visa à formação de parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O objetivo é estabelecer uma sinergia visando a melhoria das informações e do desenvolvimento de métodos que permitam identificar a demanda futura referente ao mercado de suínos em Minas Gerais.
Caso a parceria seja firmada, será possível antecipar cenários por meio do confronto das séries históricas de preços registrados na Bolsa de Suínos mineira juntamente a outros indicadores do Cepea, estabelecendo assim métodos estatísticos sobre a demanda futura.
O rebanho mineiro é formado por 2,8 milhões de cabeças e ocupa a quarta posição no ranking nacional, atrás de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
A última reunião da Bolsa de Suínos, realizada no último dia 24, identificou alta de R$ 0,25 na cotação da carne, porém a decisão dos produtores e dos frigoríficos foi de manter os preços vigentes na semana anterior. O valor a ser praticado até amanhã será de R$ 2,85 por quilo do animal vivo.
A decisão se deve ao início da recomposição de preços do mercado de suínos, impulsionada pelo aumento da demanda. A tendência é que, a partir de abril, os preços subam. “Depois de enfrentarmos perdas achamos prudente manter os preços dos suínos nos patamares atuais para evitar retração no consumo. O objetivo é manter o mercado em ascensão já que estamos na última semana do mês e superando um período de preços baixos. Mantivemos o valor de venda em R$ 2,85 para consolidar o mercado e recuperar ainda mais o valor de comercialização do suíno vivo”, disse Martins de Abreu.
Segundo a Bolsa de Suínos, a região produtora do Vale do Piranga, na Zona da Mata, apresentou demanda maior que a oferta na terceira semana do mês. No período toda a produção ofertada foi comercializada, sinalizando o aquecimento do mercado.
Custos maiores – Um dos principais desafios para o setor, segundo Martins de Abreu, são os custos de produção que tiveram alta expressiva, impulsionados pelos preços do milho e da soja, principais componentes da alimentação dos suínos.
“Com o aumento dos custos de produção os suinocultores precisam de preços remunerativos para que não acumulem prejuízos. Diante da demanda aquecida, acreditamos que os preços serão impulsionados já em abril”, prevê.