Uma análise feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), aponta que o preço da carne bovina deve sofrer poucos ajustes no mês de abril.
Segundo pesquisadores do Cepea, a indústria frigorífica alega que o mercado atacadista de carne está resistente em comprar o produto nos preços atuais, o que os impede de reajustar os patamares da arroba do boi. De fato, no início deste mês, período em que a demanda tende a aumentar, os preços no atacado tiveram leves ajustes.
Apesar desse posicionamento, os preços do boi gordo têm conseguido relativa sustentação, especialmente quando se leva em conta o período do ano. Dentre as 16 praças pesquisadas pelo Cepea, no acumulado deste mês, a maior queda (à vista) foi de 1,9% no Triângulo Mineiro. Já o Noroeste do Paraná registrou o maior ajuste positivo, de 1%.
Em março, o volume exportado aumentou em 12,6 mil toneladas sobre fevereiro (o que altera a disponibilidade interna, podendo haver aumento de certos cortes e redução de outros). No entanto, alguns colaboradores do Cepea atuantes no atacado paulistano, relatam a existência de estoques na indústria nacional. Outro fator a ser levado em conta é que os preços relativos de frango e especialmente de suíno podem estar atraindo parte do consumo dos brasileiros, tirando força da carne bovina.
Segundo dados do Cepea, considerando-se especificamente a segunda quinzena de março dos últimos cinco anos (de 2007 a 2011), a carcaça casada de boi (média ponderada do traseiro, dianteiro e costela) no atacado da Grande São Paulo é, em média, 76% mais cara que o frango resfriado. Na última quinzena, porém, este número esteve 113% superior. Em relação ao suíno (carcaça comum), a vantagem do boi é, na média de cinco anos, de 30% e, recentemente, esteve em 58%. Na parcial de abril, a carcaça casada no atacado da Grande São Paulo teve média de R$ 6,43 por quilo, aumento de 0,8% sobre 31 de março.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao último trimestre de 2010 apontam que os abates de bovinos diminuíram 3% sobre o terceiro trimestre do ano e, no comparativo com o final de 2010, a redução foi de 3,8%. Já no agregado do ano, os abates de bovinos somaram 29,265 milhões de cabeças, 4,3% maior em relação aos de 2009.
Exportação
Neste início de ano, operadores de mercado consultados pelo Cepea relatam baixa oferta. Dados do Serviço de Comércio Exterior (Secex) vêm ao encontro dessa argumentação. Em janeiro, fevereiro e março houve diminuição do volume da carne bovina exportada, no comparativo com o mesmo período do ano anterior. O volume exportado em janeiro de 2011 foi 23% menor que o de janeiro de 2010; o de fevereiro de 2011, 10% e o de março, 1% inferior.