O Brasil pressionará por uma regulação financeira mais rígida na reunião de cúpula do G20 nesta semana. O País vai propor “testes de estresse” anuais para os bancos e a ampliação das regras de Basileia para os mercados de derivativos, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quarta-feira.
A falta de regulação nos mercados financeiros foi a raiz da crise econômica global, disse Mantega a jornalistas em Nova York, e há amplo consenso entre os membros do Grupo dos 20 sobre a necessidade de regras mais duras para o setor bancário.
“Temos de consolidar a regulação financeira para trazer mais confiança aos mercados e impedir futuras crises”, disse o ministro, após apresentação a investidores organizada pela Câmara Brasileira-Americana de Comércio.
O Brasil apoia as propostas atuais entre os membros do G20 de novas regras para os bônus dos banqueiros e maior transparência no setor bancário, disse Mantega na véspera do encontro de dois dias do G20, em Pittsburgh.
“Mas acredito que podemos ir além do que foi proposto”, acrescentou, mencionando um plano que pode exigir que os bancos se submetam a testes de estresse anuais, os mesmos que foram realizados por alguns países neste ano, para determinar se as instituições precisam de injeções extras de capital.
O Brasil também irá propor as regras Basileia 2 para que as exigências mínimas de capital sejam estendidas para os mercados de derivativos, disse Mantega.
Mas o Brasil é contra quaisquer imposições a países, que podem surgir como consequência de uma proposta dos Estados Unidos para reequilibrar a economia global.
O plano busca reduzir os superávits comerciais em países exportadores ricos, como a China, e impulsionar a poupança de países endividados, como os Estados Unidos.
Esse reequilíbrio deve ocorrer naturalmente, sem imposições ou restrições comerciais de qualquer tipo, disse Mantega. Na terça-feira, o ministro disse que o Brasil discorda do plano de reequilíbrio, pois considera a proposta norte-americana “obscura”.
G20, o novo fórum global – O Brasil também vai sugerir que os líderes do G20 –que engloba os principais países ricos e em desenvolvimento do mundo– se reúna todos os anos para consolidar o grupo como principal fórum global para questões econômicas.
“Esse é o primeiro passo. Consagrar o G20 como o mais importante fórum global, responsável não somente por (lidar com) essa crise, mas por todas as questões econômicas”, disse.
O ministro acrescentou que isso não significa o fim do G7, grupo das sete principais economias industrializadas.
“Não há nada que impeça o G7 de realizar suas reuniões, assim como os países do Bric continuarão a se reunir”, afirmou, em uma referência ao grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China.
O G20 foi formado após a crise financeira asiática da década de 1990 para dar aos principais países industrializados, como Estados Unidos e Alemanha, um fórum para dialogar com um mundo mais amplo. A primeira cúpula do G20 aconteceu em novembro passado, pouco depois de o colapso do Lehman Brothers deflagrar a crise financeira global.