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Mercado Externo

Brasil à margem da crise europeia

Apesar da fragilidade da União Europeia, exportadores acreditam em manutenção de negócios. Em aves, por exemplo, a Ubabef projeta exportações de 500 mil toneladas para o Velho Continente, ou o mesmo volume do ano passado.

A União Europeia, antes conhecida pela solidez incontestável de suas economias, parece estar longe de sair da UTI, mas não a ponto de os europeus reduzirem o alimento no prato. Pelo menos é o que projetam representantes das principais atividades agropecuárias do Brasil. Em aves, por exemplo, a Ubabef projeta exportações de 500 mil toneladas para o Velho Continente, ou o mesmo volume do ano passado. O bloco reserva cota de 340 mil toneladas à carne de frango ao Brasil, em que o item consegue ser competitivo mesmo com real valorizado e preço do milho alto. É o desempenho no extra-cota que preocupa o diretor de Mercados Externo e Interno da entidade, Ricardo João Santin. “A crise acaba reduzindo o preço dos cortes no mercado interno e nós temos que pagar 1.300 euros por tonelada que excede a cota.” No Estado, a Asgav projeta alta de 3% para a UE em 2011, contra 5% ano passado, quando foram embarcadas 800 mil t. Segundo o presidente da entidade, Nestor Freiberger, importadores já enfrentam problema de crédito.

Já a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê aumento de 3% no faturamento de farelo de soja à Europa. O percentual não deixa de ser positivo, devido à base de comparação elevada do ano passado, quando a expansão foi de 10%, contra a média histórica de 3%. Conforme o economista Rodrigo Feix, o consumo de alimentos básicos – entre os quais se incluem as carnes – na Europa não deverá cair porque a população do continente tem uma renda estabilizada, ao contrário de países emergentes, em que aumento de salários traduz-se em alta de consumo de alimentos, tais como carnes e lácteos. “A Europa é um parceiro estratégico para o Brasil, uma vez que o farelo tem maior valor agregado que o grão”, pondera Feix. De acordo com o diretor executivo da Abiove, Fábio Trigueirinho, a previsão é que o complexo soja fature 22,8 bilhões de dólares com exportações em 2011, contra 17,1 bilhões de dólares em 2010. Isso representa 30 milhões de toneladas de grão, 14 milhões de farelo e 1,5 milhão de óleo.

Já em carne bovina, a Abiec estima exportações de 100 mil toneladas para os europeus, repetindo 2010. “Estamos negociando os aspectos da Lista Trace e da Cota Hilton e não temos expectativa de crescimento”, diz o diretor da Abiec, Fernando Sampaio.