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"Brasil apostou fichas no lugar errado", diz economista

<p>Pascal Lamy, diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), confirmou nesta terça-feira que as negociações em Genebra da Rodada de Doha fracassaram.</p>

Redação (30/07/2008)- O resultado é que o Brasil sai da negociação como "um dos grandes perdedores de Doha", na avaliação de Simão Davi Silber, professor-doutor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP, especialista em comércio internacional.

Segundo Silber, "o Brasil apostou suas fichas no lugar errado". "Talvez o Brasil tenha apostado de uma maneira exagerada no sucesso da rodada. Foi algo meio inocente acreditar que um acordo fosse ser selado, tendo em vista que as posições estiveram bastante polarizadas desde o começo", afirmou o professor.

Silber também criticou a postura de países emergentes, como a China e a Índia, que travaram a última rodada de negociações. "Os países em desenvolvimento não entenderam o que é uma negociação multilateral. Eles estão pedindo concessões de países subdesenvolvidos. E não tem sentido um país como a China, que é uma potência econômica, pedir essas salvaguardas."

Nesse aspecto, o especialista disse que "o Brasil também se mostrou mais maduro e, entre os emergentes, foi o mais flexível. Isso deu um sinal muito forte de que o país está preparado para negociar e fazer concessões". Por isso mesmo, Silber avalia que o país deve investir em acordos bilaterais.

O professor acredita que o "fracasso (das negociações) foi ruim para o mundo" e que agora "pode haver até um retrocesso", caso os países decidam não aceitar as regras de comércio internacional. "Eles podem alegar que estão aplicando salvaguardas para suas indústrias, essa válvula de escape está prevista na OMC." Ainda não há uma declaração da OMC sobre uma possível retomada das negociações da Rodada de Doha.