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Brasil curva-se a mais exigências dos russos

<p>De acordo com o jornal "Valor Econômimco", os russos já haviam indicado ao governo brasileiro o desejo de que a carne exportada à Rússia tivesse as mesmas garantias que o produto vendido à UE.</p>

Da Redação 04/03/2005 – Os russos não aceitaram discutir a suspensão do embargo às importações de carnes bovina e suína de Tocantins e Mato Grosso na reunião que tiveram na quinta-feira com a missão técnica do governo brasileiro que está em Moscou. Além disso, fizeram novas exigências para garantir a qualidade e a sanidade das carnes brasileiras vendidas ao mercado russo.

Na quarta, a Rússia anunciou a retomada das compras de carnes suína e bovina de Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. As importações estavam suspensas desde setembro, após o surgimento de um foco de aftosa em Careiro do Várzea (AM). As compras de Santa Catarina já haviam sido retomadas em novembro e, em fevereiro, a Rússia suspendeu o embargo ao frango brasileiro, com exceção de Amazonas e Pará.

O governo brasileiro esperava ao menos discutir o fim do embargo às carnes de Mato Grosso e Tocantins, mas a Rússia não colocou a questão em pauta, já que o acordo sanitário assinado com o Brasil prevê que Estados limítrofes a regiões afetadas pela aftosa fiquem um ano sem exportar. Ambos os Estados se incluem nesse caso já que são vizinhos a Pará e Amazonas, onde ocorreram os últimos focos de aftosa no Brasil.

Na reunião com a missão brasileira foram definidas alterações no certificado sanitário da carne bovina e da suína, o que significa mais garantias da qualidade e da sanidade do produto brasileiro.

Segundo Antônio Camardelli, diretor da Abiec (reúne exportadores de carne bovina), para ser exportada à Rússia, a carne bovina terá de passar por processo de maturação da carcaça por 24 horas, e o gado terá de ser identificado. Além disso, os frigoríficos terão de fazer o controle do PH da carcaça. Ele está na Rússia com a missão brasileira.

A maturação é uma ferramenta sanitária, que evita, por exemplo, a multiplicação de bactérias. A carne suína também terá de passar por 24 horas de maturação, conforme Rogério Kerber, diretor do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS. Ele conversou, na quinta, com membros da missão.

Outra mudança no certificado sanitário é que os russos passarão a solicitar análise de risco do processo industrial aos frigoríficos de carne bovina, segundo Camardelli.

O Valor apurou que os russos já haviam indicado ao governo, durante visita ao Brasil, o desejo de que a carne exportada à Rússia tivesse as mesmas garantias que o produto vendido à União Européia.