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Soja

Brasil deve ter mais soja em menos área em 2015/2016

Representantes do USDA no País avaliam que queda nos preços e aumento dos juros no Brasil tendem a inibir ampliações, mas uso de tecnologia deve ser maior.

Brasil deve ter mais soja em menos área em 2015/2016

O Brasil deve registrar crescimento na produção de soja na safra 2015/2016, mesmo com a possibilidade de redução da área a ser plantada no próximo ciclo. A avaliação está em relatório produzido por representantes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no território brasileiro.

Segundo Clay Hamilton e Nicolas Rubio, que assinam o documento, a área semeada na próxima safra deve ser de 31,1 milhões de hectares. Queda nos preços internacionais da soja e incertezas relacionadas à economia brasileira – com aumentos de taxas de juros – podem influenciar a decisão dos produtores.

“Esses fatores devem frear neste ano um expressivo aumento de área de soja. No entanto, uma contínua adoção de sementes com melhor genética ajudará a produção do Brasil a alcançar um novo recorde”, diz o documento, segundo o qual o volume deve chegar a 94 milhões de toneladas. “Estagnação” do mercado de fertilizantes, como resultado da alta dos custos, deve também impactar na próxima temporada.

Para efeito de comparação, os adidos do USDA estimam que o ciclo 2014/2015 está se encerrando com uma área de 31,4 milhões de hectares e uma produção de 93 milhões de toneladas.  Vale destacar, no entanto, que as estimativas estão abaixo do que o próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou oficialmente, de 31,5 milhões de hectares e 94,5 milhões de toneladas produzidas na atual safra e que também são mencionadas no documento.

Exportações

Sobre as exportações de soja do Brasil na safra 2015/2016, os representantes do USDA avaliam que elas serão sustentadas pelo dólar valorizado e por forte demanda da China, principal compradora do grão brasileiro. Para eles, os embarques devem atingir 48 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 4% em relação ao calculado para esta safra, que está em 46 milhões de toneladas, abaixo do oficialmente previsto pelo órgão (47,1 milhões).

“Os desafios para a economia do Brasil estão impactando fortemente na taxa de câmbio. A expectativa é de que a cotação se mantenha acima dos R$ 3 por dólar no restante do ano de 2015”, diz o documento.

Na avaliação dos representantes do governo dos Estados Unidos, a infraestrutura ainda deve ser um dos principais desafios para os produtores de soja brasileiros.  Para eles, a rentabilidade do setor ainda será afetada pelas dificuldades de logística no próximo ciclo agrícola.

No entanto, o relatório destaca que alguns investimentos estão sendo feitos nessa área. Lembra, por exemplo, que os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) adotaram melhorias para atender à demanda da agroindústria exportadora. E que os portos de Santarém (PA) e Miritituba (PA) também têm recebido investimentos.

“Contudo, ainda são melhorias graduais e que, quando estiverem operando em plena capacidade vão ampliar a competitividade do Brasil e estimular uma maior produção agrícola”, diz o documento.

Consumo interno
O esmagamento da soja no mercado interno é calculado pelos representantes do USDA em 39,5 milhões de toneladas no ciclo 2015/2016. Para o ciclo atual, o processamento é calculado em 38 milhões de toneladas, pouco acima do divulgado oficialmente pelo Departamento (37,8 milhões de toneladas).

“Não são esperados novos investimentos industriais em 2015/2016, já que existe capacidade ociosa suficiente para atender a um crescimento futuro no esmagamento e na produção de biodiesel”, diz o documento, mencionando uma capacidade instalada de 59 milhões de toneladas no Brasil. “Além disso, investimentos continuam sendo afetados pelas leis de tributação, que desencorajam a economia de escala”, acrescenta.

Os estoques finais da safra 2015/2016 no Brasil, nas estimativas dos representantes do USDA, devem chegar a 12,44 milhões de toneladas de soja.