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Brasil disputa liderança de exportação de carne de frango com os EUA

<p>Com a queda nas vendas até agosto, as projeções são de que, o final do ano, os dois países tenham comercializado volume semelhante.</p>

Redação AI (22/09/06)- A Previsão é que Brasil e Estados Unidos exportem volumes parecidos neste ano. A liderança brasileira no mercado mundial de frangos está ameaçada. Depois de reinar absoluto por dois anos, o Brasil começa a enxergar, novamente, a sombra de seu principal concorrente: os Estados Unidos.

Com a queda nas vendas até agosto, as projeções são de que, o final do ano, os dois países tenham comercializado volume semelhante – 2,5 milhões de toneladas. Em receita, no entanto, o Brasil segue líder, pois exporta mais produtos nobres.

Levantamento da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) mostra que de janeiro a agosto o País exportou 1,725 milhão de toneladas, queda de 8,13% em relação ao mesmo período do ano passado, que resultaram em uma receita de US$ 2,009 bilhões – redução de 7,75%.

A partir desses dados, a Abef reviu suas projeções para o ano. Pelas novas estimativas, o Brasil vai encerrar o ano com embarques de 2,5 milhões de toneladas, uma retração de 9%, perfazendo uma receita de US$ 3 bilhões – variação negativa de 14,1%. A queda é maior no faturamento porque os preços internacionais do frango estão mais baixos – 4,9% na projeção para o ano, em decorrência de uma retração no consumo mundial devido à incidência da gripe aviária.

“Não acho que vamos perder a liderança, mas os Estados Unidos podem se aproximar”, diz Ricardo Gonçalves, presidente-executivo da Abef. Na previsão anterior da associação, a diferença entre os dois países era de 500 mil toneladas. Agora, a Abef prevê 2.589 mil toneladas para o Brasil, enquanto a Jox Assessoria Agropecuária projeta que os Estados Unidos devem confirmar o embarque de 2.538 mil toneladas, conforme a Abef havia previsto anteriormente. “Os dois países devem encerrar o ano com volumes mais equilibrados, mas o Brasil ganha em receita, pois vende produtos de maior valor agregado”, diz Oto Xavier, consultor da Jox Assessoria Agropecuária.

Segundo ele, os Estados Unidos não devem sofrer retrações tão acentuadas como a do Brasil em quantidade porque já vinham sobre o efeito da gripe aviária – que se intensificou este ano no mercado internacional, atingindo as vendas brasileiras, apesar de, por enquanto o País não correr riscos de contaminação.

Gonçalves explica que, mesmo os números de exportação sendo positivos em agosto, não há sinalização de melhoria no mercado. “As vendas no mês passado foram influenciadas pelo Oriente Médio”, diz Gonçalves, referindo-se ao Ramadan. Em agosto, as exportações somaram 299.151 toneladas – alta de 12,7% em relação ao mesmo período do ano passado -, totalizando uma receita de US$ 339,3 milhões – variação de 0,42%. Do que foi embarcado, 109 mil toneladas foram destinadas ao Oriente Médio (36% do volume comercializado em agosto, um salto de 142% em relação a julho).

Cotas
Na próxima semana, o Brasil volta à mesa de negociação com a União Européia quanto às cotas para o frango congelado, industrializado e peru. “Estamos quase em um acordo”, diz Gonçalves. O mercado trabalhava com uma cota para 320 mil toneladas – o presidente-executivo da Abef não confirmou, mas admite que, atualmente, os números da União Européia e do Brasil já estão convergindo.
O País ganhou um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas mais altas impostas ao frango congelado e salgado. No entanto, o bloco econômico recorreu ao artigo 28 do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), que permite a imposição de cotas quanto há uma eventual distorção comercial. “É uma imposição arbitrária, mas eles têm direito. Lutamos para amenizar os prejuízos brasileiros”, afirma Gonçalves. Segundo fontes do Itamaraty, a posição do governo brasileiro é negociar enquanto houver possibilidade. No entanto, não está descartada a hipótese de o País recorrer à OMC.