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Brasil e Argentina debatem tensão comercial

Enquanto a área comercial se reúne em Brasília, um encontro de cunho político terá lugar em Buenos Aires.

Redação (16/02/2009)-  Uma drástica queda do comércio bilateral e o crescente protecionismo regional e internacional serão os temas principais de uma reunião marcada para esta semana em Brasília entre representantes dos governos brasileiro e argentino. A delegação argentina, formada pelos ministros de Relações Exteriores, Jorge Taiana; de Produção, Débora Giorgi; e da Economia, Carlos Fernández, desembarca em Brasília amanhã à noite. Eles vão se encontrar quarta-feira com seus pares brasileiros, os ministros Celso Amorim, Miguel Jorge e Guido Mantega. 

Os ministros devem tentar também por fim ao curto-circuito gerado entre as indústrias dos dois lados da fronteira por conta de medidas de defesa comercial que ambos os países tomaram desde o início da crise internacional. 

Enquanto a área comercial se reúne em Brasília, um encontro de cunho político terá lugar em Buenos Aires, com a chegada do ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Segundo noticiado pelo jornal "Perfil", Mangabeira terá encontros com membros do gabinete da presidente Cristina Kirchner, com representantes das entidades industriais, com o governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, e com ministros da Corte Suprema de Justiça. O tema seria a "agenda pós-crise" conjunta. 

A Argentina deu a largada à onda de protecionismo em novembro, com a reformulação de seu sistema de licenciamento automático, aumentando a fiscalização na entrada de 21,6 mil produtos, como têxteis, confecções e eletrodomésticos. O governo argentino também reduziu de 24 meses para 12 meses o prazo para análise de processos antidumping. Na semana passada, a lista de produtos "vigiados" foi ampliada em 800 itens. 

Em janeiro, foi a vez do Brasil, que implementou licenciamento prévio para importação em 17 setores, que representavam entre 60% e 70% da pauta, incluindo diversos produtos argentinos, entre eles trigo, plásticos, veículos e máquinas industriais. A medida provocou queixas não só dos argentinos, mas de todos os países vizinhos e foi retirada dois dias depois de anunciada. 

Apesar de ter atingido seu recorde histórico de US$ 30 bilhões no acumulado de 2008, o comércio entre Brasil e Argentina vem em franca decadência desde dezembro. Segundo a consultoria Abeceb.com, em janeiro as exportações argentinas para o Brasil totalizaram US$ 608 milhões, que seria o menor valor desde abril de 2006, revelando uma queda de 46,1% na comparação com o primeiro mês de 2008. Já as importações totalizaram US$ 641 milhões, com queda de 51% em relação a janeiro do ano anterior e 31,5% abaixo de dezembro. 

A tensão comercial entre os dois países tem sido alimentada pelos empresários de ambos os lados, que se queixam da invasão de produtos importados. Ontem a Fundação Pro-Tejer, que reúne indústrias argentinas do setor têxtil, divulgou uma nota pública defendendo as medidas de controle tomadas pelo governo, em uma resposta ao presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que na semana passada pediu ao governo brasileiro reação ao que considera protecionismo argentino.