Redação (08/07/2008)- Pautada pela agenda oficial do G8, a reunião das cinco potências emergentes convidadas para a cúpula começou focada em meio ambiente e mudanças climáticas. Brasil e Índia redirecionaram os debates e o tema central acabou sendo a disparada nos preços dos alimentos e do petróleo.
O mesmo deve ocorrer na reunião ampliada do G8 com os cinco países que integram o G5 – Brasil, China, índia, México e África do Sul -, nesta quarta-feira (9). “Foi uma vitória do G5 que esses assuntos sejam objeto de discussão amanhã (na reunião ampliada do G8 com o G5), porque o grande tema ia ser só clima”, avaliou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após o encontro entre líderes do G5.
“Clima é importantíssimo e continuaremos discutindo, mas estaremos todos mortos se não conseguirmos vencer o curto prazo, e o curto prazo é a segurança alimentar, é o preço dos alimentos, é a inflação, é o desequilíbrio macroeconômico no mundo desenvolvido contaminando o mundo em desenvolvimento”, ponderou.
Os líderes do G5 tentarão convencer os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia de que a inflação alimentar não decorre de uma demanda maior do que a oferta, mas da especulação nos mercados futuros. As potências emergentes também apontarão a crise do mercado de subprime (investimentos no sistema imobiliário) nos Estados Unidos e seu efeito dominó sobre a valorização dos alimentos e do petróleo.
“A especulação decorre da má gerência no sistema financeiro, que faz com que os investimentos especulativos tenham saído do setor financeiro e se dirigido para o setor das commodities, do petróleo, dos alimentos”, disse Amorim antecipando os argumentos brasileiros a serem apresentados no café da manhã com a participação de representantes do G8 e do G5 e em encontro de líderes das grandes economias. “Essa especulação não tem nada a ver com a relação entre oferta e demanda por alimentos, mas sim com a necessidade de buscar outro tipo de lastro para os investimentos que antes iam para as hipotecas ou outras atividades”, reiterou.
Segundo ele, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve levar à próxima reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) propostas para disciplinar os mercados. O Brasil também defende a coordenação macroeconômica em relação a políticas financeiras, sob a batuta de instituições como o FMI. “Ouvimos durante muito tempo as instituições internacionais dizendo o que nós devíamos fazer. Acho que está na hora dessas instituições poderem dizer o que é que outros devem fazer para manter a sanidade da economia mundial”, argumentou Amorim.