Brasil e México começam amanhã (24/09) a negociar a possibilidade de firmar um tratado de livre comércio, entre as propostas para ampliar os negócios entre os dois países. A viagem, discutida na reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), é resultado da visita feita pelo presidente do México, Felipe Calderón, ao Brasil, em agosto. O México, que tem acordo-quadro de comércio com o Mercosul, é o único país com quem os sócios do bloco podem negociar individualmente acordos para eliminação total de tarifas de importação.
“A ideia é partir para o livre comércio”, garantiu ao Valor a secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior, Lytha Spíndola. Integrantes da equipe negociadora brasileira, chefiada pelo ministério de Relações Exteriores, viajam à Cidade do México com um esboço dos prazos e condições para negociação do acordo. Se houver receptividade dos mexicanos – que, até a visita de Calderón, eram reticentes em relação ao tema – seria possível firmar um acordo em um ano, prevê Lytha.
O México foi definido como prioridade comercial pelas associações de exportadores brasileiros, que o consideram um dos mercados mais promissores e querem ampliar os acordos existentes, de redução tarifária, restritos ao setor automotivo e a uma lista de 800 produtos. O México é o sexto maior importador de alimentos do mundo e o governo brasileiro constatou interesse dos produtores de suínos e lácteos em entrar nesse mercado.
As conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Calderón, em que o brasileiro chegou a encorajar o México a assumir papel de maior destaque na América Central, levaram diplomatas latino-americanos a ver uma mudança de atitude por parte do governo mexicano, que parece disposto a uma aproximação maior com o Brasil, inclusive no comércio.
A Camex discutiu, ainda, os princípios gerais das medidas que poderá tomar em retaliação aos EUA, por descumprimento das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) nos subsídios ao algodão produzido pelos agricultores americanos. Como somente em novembro o país saberá o valor dos subsídios no ano fiscal 2008/2009, a Camex criou um grupo técnico para definir, até lá, a lista de produtos que poderão receber tarifas punitivas e os direitos de propriedade intelectual que poderão ser suspensos, de acordo com a decisão da OMC.
Embora o governo não tenha interesse em retaliar os EUA, a Camex avaliou que será necessário apresentar uma lista de represálias potencialmente danosas aos interesses de grandes empresas americanas, para levar o governo Barack Obama a sentar à mesa e negociar alteração nas regras dos subsídios ao algodão.
No dia 5 de novembro, emissários do Mercosul e da União Europeia reúnem-se em Portugal para avaliar as possibilidade de retomar as negociações para um acordo de livre comércio, interrompidas há cinco anos. Os ministros resolveram deixar para mais tarde as propostas apresentadas pelo Ministério da Agricultura de aumento de tarifas de importação para o trigo e para produtos lácteos.