Da Redação 28/06/2005 – O ministro da economia da Rússia, German Gref, não deu indicações de que seu país atenderá a demanda brasileira por uma cota única para exportar carnes à Rússia. Mas, disse ele, às vésperas de reunião bilateral em Genebra, os exportadores brasileiros podem ocupar as cotas não preenchidas por outros países. A reunião entre Brasil e Rússia, prevista para amanhã em Genebra, terá a participação do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Fortes.
“Estabelecemos cotas globais [para as carnes] e não podemos dar uma cota maior para um só país””, argumentou o ministro russo. “Mas temos regras flexíveis sendo adotadas. Se um país não completar suas cotas para o mercado russo, podemos dar essa parte para outros países que estariam dispostos e com a possibilidade de completar o volume das cotas”.
Segundo Gref, é isso que pode ocorrer com o Brasil, já que o país vem ampliando suas exportações de carnes para a Rússia, “ainda mais que o Brasil tem alta competitividade e preços muito bons”. O Brasil já ocupou cotas não preenchidas por outros países que exportam ao mercado russo nos últimos anos. Atualmente, o país não tem cota própria e disputa com nações concorrentes as vendas à Rússia numa cota denominada “outros”.
A reunião de amanhã acontece após sete meses. Além de mais acesso para suas carnes, o Brasil quer derrubar barreiras para o açúcar e outros produtos na Rússia, em troca de seu apoio à entrada de Moscou na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O problema é que a Rússia deu a grande parte de seu mercado de carnes para Estados Unidos e União Européia, esquecendo os outros países com os quais terá de negociar. Os russos reclamam agora que estão sendo cobrados de maneira “desleal” por vários países, para poder entrar na OMC. Ainda assim, o governo diz ter expectativas de aderir à OMC até dezembro, algo que muitos negociadores consideram improvável.
Márcio Fortes afirmou que o governo brasileiro retomará em Genebra as negociações para melhorar o acesso das carnes brasileira ao mercado russo. Ele também disse que a preocupação por melhores condições aumentou devido à perspectiva de a Rússia adotar novas regras para as importações de carnes a partir do ano que vem.
Fortes, que ontem participou de evento no Rio, lembrou que, em 2004, as exportações brasileiras de carnes para o mercado russo alcançaram cerca de 540 mil toneladas, e que a expectativa do governo brasileiro é garantir o acesso de pelo menos esse volume nas negociações em Genebra.
“O que nós queremos é que na fixação de cotas de importação, por parte da Rússia e de qualquer outro país, sejam levadas em conta para o cálculo as exportações recentes, e não as de cinco anos atrás”, afirmou Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), também no Rio.