Os recentes problemas com o escoamento da safra de commodities estão freando a expansão agrícola no País, levando os produtores a concentrarem esforços na produtividade ao invés de elevar a área cultivada para atender, principalmente, os mercados emergentes asiáticos.
Empresas do setor agrícola enfatizam que a indefinição de regras pelo governo para que o setor privado invista em logística deverá aumentar os problemas do setor nos próximos anos.
Segundo Adrian Isman, diretor de Operações da multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC), a companhia tem 60 navios no Porto de Santos, em São Paulo, aguardando as mercadorias chegarem para serem embarcadas. “Apesar de termos nos preparado nos últimos anos no campo logístico, estamos tendo perdas devido à ineficiência logística do Brasil. Os armazéns no porto estão vazios”, afirmou durante a Conferência do Agronegócio promovido pelo Espirito Santo Investment Bank (BES), que aocntece em São Paulo.
O executivo da maior produtora agrícola mundial destaca que o Brasil não está com capacidade para atender a demanda mundial por alimentos devido aos problemas com escoamento da produção, e mesmo que a LCD – controladora da
sucroalcooleira Biosev – invista em logística, Isman acredita que o setor terá muitos gargalos a serem enfrentados no futuro.
A SLC Agrícola endossa que as empresas brasileiras estão contabilizando perdas importantes, principalmente com o aumento no custo do frete, que no País é muito superior aos dos países vizinhos e dos Estados Unidos. “Nossa competitividade é prejudicada, pois os produtores argentinos e norte-americanos estão conseguindo atender mais rapidamente, e com preços melhores, os consumidores na Ásia. Internamente, o consumidor também deverá pagar mais pelos alimentos”, diz Aurélio Pavinato, diretor-presidente da companhia.
Como os custos estão altos para a expansão da área plantada, a SLC tem como estratégia investir em tecnologia para ter mais produtividade. Foi ressaltado que o custo de produção da soja no Brasil varia entre US$ 70 e US$100 por tonelada, mas há dez anos esse valor médio era de US$ 20. Enquanto isso, nos países exportadores concorrentes, essa despesa gira em torno de US$ 15 a US$ 20 por tonelada.
Ivan Wedekin, diretor de Commodities da BM&FBovespa, disse que a atual crise de custo na agricultura brasileira está se intensificando em momento muito importante para o mercado mundial de alimentos, com maior demanda dos países em desenvolvimento. “Apesar de 70% da produção do País ainda ser destinada para o mercado interno, o potencial para atender o mercado externo é alto.” As informações partem da Agência CMA.