Redação (27/07/07)- O Brasil não tem um plano alternativo para o fracasso das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Essa é a opinião do gerente geral do Instituto de Estudos do Comércio Exterior (Icone), André Nassar. “O governo não esperava um fracasso nas negociações da Rodada de Doha”, acrescentou o executivo, que defende uma estratégia do país para acordos bilaterais. “O País não devia ter abandonado outras alternativas paralelas e agora corre o risco de não ter avanço no ambiente comercial”, disse.
Mas, de acordo com um diretor da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, o setor agrícola brasileiro deixará de ganhar cerca de US$ 10 bilhões nos próximos dois anos devido ao colapso das negociações comerciais globais na OMC. “Teríamos aumentado nosso faturamento em US$ 10 bilhões nos próximos anos se a Rodada Doha tivesse tido sucesso,” disse Antônio Donizeti Beraldo, diretor do departamento de comércio exterior da CNA, que representa mais de 2 mil associações de produtores rurais do Brasil.
Acordos multilaterais O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, alinhado ao discurso do chanceler Celso Amorim, defendeu a continuidade dos acordos multilaterais. “Apesar do fracasso de Doha, o Brasil vai continuar insistindo em negociações multilaterais. Procuramos não encerrar as negociações por mais que não se tenha avançado. A expectativa é rever essa situação”, disse Guedes. No entanto, ele não descartou os acordos bilaterais como uma segunda opção. “Se não houver alternativas, vamos para as bilaterais”, declarou.
Entidades preocupadas A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) assinou, ontem, uma Declaração Conjunta na qual compartilha com as principais entidades empresariais pertencentes aos países do Grupo dos Seis (G6) a preocupação em relação à interrupção das negociações no âmbito da OMC.
De acordo com a nota, a Fiesp diz que não pode concordar na transferência da culpa para o setor privado. Além de considerar indispensável a retomada das negociações, a entidade diz que “melhor não ter acordo do que ter um péssimo acordo”.