As exportações do Brasil para a União Europeia no primeiro semestre deste ano estão entre as mais afetadas pela crise. Segundo dados divulgados ontem pelo Eurostat, órgão encarregado das estatísticas do bloco, a UE importou 29% menos do Brasil entre janeiro e maio deste ano do que no mesmo período de 2008.
Os dados por país referentes a junho não foram divulgados, mas os números gerais sobre importações não indicam reversão significativa de tendência. Em termos percentuais, o corte só fica atrás da queda nas compras vindas da Rússia, de 43%, e empata com o do Japão.
O movimento se explica sobretudo pelas áreas onde houve maior queda das importações pelo bloco: energia e matérias-primas (ambas com recuo de 39%). Juntos, os 27 países da União Europeia compraram 59% a menos desse setor do Brasil, em relação ao mesmo período do ano passado.
A queda (em valor) reflete sobretudo a derrocada do preço do petróleo no mercado internacional, cujas cotações caíram, em média, pouco mais de 50% nos períodos comparados.
Ainda assim, a balança comercial da UE com o Brasil, décimo parceiro comercial do bloco, fechou os cinco primeiros meses do ano favorável ao país em 2,6 bilhões, com importações pela UE de 10,3 bilhões e exportações de 7,6 bilhões. E, apesar da queda abrupta na comparação com 2008, a trajetória mês a mês foi relativamente estável.
Déficit encolhe – No total, tanto a União Europeia quanto a zona do euro reduziram seu déficit comercial no primeiro semestre. No caso dos 16 países adeptos da moeda comum, junho trouxe o terceiro e maior superávit consecutivo desde o estouro da crise, em mais um sinal de que a economia do bloco começa a se recuperar – ainda que de forma incipiente e desigual.
Nos dados preliminares do Eurostat, os 16 países registraram superávit de 4,6 bilhões em junho, contra 2,1 bilhões no mês anterior e zero em junho do ano passado. Embora o saldo semestral continue no vermelho, o déficit encolheu para 1,6 bilhão. Sinal positivo, as importações pararam de cair, e a retração das exportações mês a mês foi de 0,1%, nos números ajustados sazonalmente.
O quadro é menos róseo se tomados todos os 27 países do bloco, mas ainda assim houve redução significativa do déficit para 67,4 bilhões, em relação aos 118 bilhões do mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados do Eurostat, a União Europeia teve déficit de 4,3 bilhões em junho – menor, no entanto, que os 7,2 bilhões negativos registrados em maio e os 19,3 bilhões de junho do ano passado. As exportações encolheram 0,3%, e as importações tiveram recuo de 1,4%.