As barreiras comerciais impostas pela China dificultam a diversificação das exportações brasileiras para o país, segundo relatório do Banco Mundial divulgado nesta segunda-feira (14).
O gigante asiático é o principal destino de bens produzidos no Brasil, mas a maior parte das vendas resume-se a commodities, como soja, petróleo e minérios.
Segundo o Banco Mundial, a alta concentração das vendas nestes produtos ocorre, em parte, em consequência das barreiras comerciais impostas pelos chineses, que afetam a venda de produtos básicos processados e bens industrializados brasileiros.
“Embora fatores domésticos que afetam a competitividade externa do Brasil possam oferecer uma explicação parcial, fatores relacionados à questão de acesso parecem ser importantes também”, diz o documento.
Os chineses aplicam “tarifas escalonadas” com o objetivo de manter o nível de importações de produtos processados baixo e impedir que empresas estrangeiras acessem oportunidades no mercado local.
A política não é feita para bloquear o Brasil, mas afeta as principais exportações de alimentos brasileiros para o país, observa a entidade.
A tarifa para a entrada do açúcar em bruto, por exemplo, é de cerca de 7%, mas para a importação de açúcar refinado é de quase 50%, segundo o documento. O gado tem tarifa de 5%, mas, para a entrada de bife desossado, fresco ou congelado, cobra-se 12%.
O efeito dessa política, afirma a entidade, é que o Brasil exporta minério de ferro, “mas luta para exportar aço”. Vende café em grão, mas não café processado. De acordo com o documento, o perfil das vendas do Brasil para a China contrasta “fortemente” com o de outros países, entre eles Estados Unidos, Holanda, Japão e Itália.
O Banco Mundial observa, contudo, que o Brasil também adota uma política similar, impondo tarifas mais altas nos produtos que os chineses têm vantagem. E afirma que essa proteção dada aos bens industrializados não impediu a China de exportar “uma quantidade significativa de produtos manufaturados para o Brasil”.
Cerca de 3.500 produtos chineses são vendidos para o mercado brasileiro, enquanto apenas cerca de 1.300 fazem o caminho inverso.
Brasil quer aproveitar visita para ampliar vendas de carne de frango e de porco para a China.