O Brasil vai marcar presença em duas grandes feiras de negócios na Arábia Saudita até o final deste ano, a Saudi Build, da área de construção, e a Saudi Agro-Food, do ramo de alimentos. A Conceito Brazil, empresa de consultoria em comércio exterior, com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da embaixada do Brasil em Riad, vai levar companhias brasileiras desses setores para negociar diretamente com empresários sauditas.
A Conceito, que promove a participação de empresas brasileiras em eventos internacionais, representa no Brasil a Riyadh Exhibitions Company, companhia saudita organizadora de feiras de negócios. A parceria teve início este ano. “Nós participamos de feiras em Dubai e percebemos que 80% do consumo no Oriente Médio, especialmente de alimentos, está concentrado na Arábia Saudita”, disse Tatiana Rodrigues, diretora comercial da Conceito.
A Arábia Saudita tem a maior economia entre os países árabes, é a nação mais populosa da região do Golfo e é grande importadora dos mais diversos tipos de produtos. De acordo com levantamento da Câmara Árabe, a construção é um dos principais setores econômicos do país não ligados à indústria do petróleo, e emprega 14,7% da força de trabalho.
Assim como outras nações do Golfo, os sauditas têm investido pesadamente no ramo imobiliário, mesmo com a crise financeira, afinal, nos últimos anos, o país acumulou grande volume de recursos com as receitas das exportações de petróleo. A Arábia Saudita detém cerca de 25% das reservas mundiais da commodity e é a maior produtora e exportadora do produto.
Mesmo com a diminuição do preço e da demanda por petróleo, o Orçamento do país para 2009 prevê aumento dos gastos públicos para minimizar os efeitos da crise em sua economia. Segundo análise divulgada recentemente pelo Saudi American Bank Group (Samba), embora o Produto Interno Bruto (PIB) saudita deva se retrair este ano, após vários anos de altas taxas de crescimento, deverá voltar a crescer acima de 4% em 2010.
Nesse sentido, a organização da 21ª Saudi Build, segundo Paula Portugal, executiva de vendas da Conceito, informou que a há uma procura inédita por espaços para expor na feira. De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, a Arábia Saudita é hoje o mercado em expansão do Golfo na área de construção.
“Quem quer investir no mercado da Arábia Saudita e encontrar com os maiores protagonistas do setor, essa é a feira”, afirmou Paula.
O evento vai ocorrer de 04 a 07 de outubro no Riyadh International Exhibition Center, na capital do país. Na edição do ano passado participaram 473 expositores e 14,3 mil visitantes de diversos países. Haverá um pavilhão brasileiro para acomodar as empresas nacionais interessadas. Já estão inscritas companhias e entidades dos ramos de madeiras, portas, cerâmicas, metais e telhas. As inscrições vão até o final de agosto (ver contatos abaixo).
A Arábia Saudita é o país árabe que mais recebeu investimentos estrangeiros diretos nos últimos 10 anos, um total de US$ 88,3 bilhões, de acordo com relatório da Corporação Inter-Árabe de Garantia de Investimentos (IAIGC, na sigla em inglês), com sede no Kuwait. Um dos grandes chamarizes hoje são os projetos de seis grandes novas cidades econômicas, sendo que a maior é a King Abdullah Economic City (Kaec), em construção na costa do Mar Vermelho, próxima a Jeddah, principal pólo econômico do país.
Só para dar uma idéia, quando totalmente pronta, em 2020, a Kaec será a terceira maior cidade da Arábia Saudita, atrás apenas de Riad e Jeddah, e deverá ter o tamanho de Washington, capital dos Estados Unidos. Segundo o cronograma das obras, a primeira fase já poderá ser habitada em setembro deste ano.
Os empresários que participarem da feira vão poder saber detalhes das cidades econômicas, que além de diversificar a economia e gerar empregos, terão como função descentralizar a população saudita. É que a Câmara Árabe está programando uma visita da delegação à Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia), a agência local de promoção de investimentos, que é responsável pelos projetos.
Entre investimentos públicos e privados, o país pretende aplicar cerca de US$ 800 bilhões em áreas consideradas prioritárias até 2020, incluindo construção e infraestrutura, para desenvolver sua economia, de acordo com informações do diretor-geral de promoção de investimentos e operações internacionais da Sagia, Ahmed Osilan.
Alimentos – Com uma população de 25 milhões de pessoas que tente a crescer bastante nos próximos anos, a Arábia Saudita tem também grande demanda por alimentos. Vale lembrar que o país já é hoje o maior importador do frango brasileiro. Além disso, o governo local adotou uma política para desestimular novos projetos agrícolas e economizar água para consumo humano.
Nesse cenário, a Saudi Agro-Food, que será realizada de 01 a 04 de novembro, também terá um pavilhão brasileiro. A feira é voltada para as áreas de alimentos, bebidas e maquinário para a indústria alimentícia. No ano passado, ela recebeu 168 expositores e 7,5 mil visitantes, também de diferentes países. A inscrição vai até o final de setembro (ver contatos abaixo).
De acordo com informações da organização da mostra, a Arábia Saudita importou em 2008 o equivalente a US$ 15 bilhões em alimentos, um aumento de 25% sobre 2007. Só o Brasil exportou o equivalente a US$ 1,43 bilhão em produtos do agronegócio ao país árabe no ano passado, um crescimento de mais de 45% sobre 2007.
Nessa área, os sauditas estão busca também de parcerias para investir em agropecuária em outros países, inclusive no Brasil. Com a diminuição da área plantada local, a Arábia Saudita tem investido na produção em outras nações para garantir o abastecimento do seu mercado.
A participação do Brasil nas duas feiras terá estrutura semelhante. A Conceito é responsável pelos espaços, montagem do estande, organização de transporte e acomodação, cujos custos ficarão a cargo das empresas interessadas. A embaixada vai bancar o material visual dos pavilhões e a Câmara Árabe, além de auxiliar na divulgação, pretende marcar reuniões na Sagia e na Câmara de Comércio de Riad.
A Conceito está completando 25 anos e, além das feiras, organiza rodadas de negócios, identificando potenciais parceiros para os clientes e cuidando da logística e do marketing dos eventos. Internamente ela tem uma agência de turismo que se ocupa dos trâmites de viagem dos empresários. A idéia é fornecer um pacote completo de serviços para quem participa de encontros internacionais de negócios. Hoje ela representa no Brasil cerca de 40 feiras internacionais de diferentes países e setores.