De acordo com o colunista Mauro Zafalon, Vaivém das Commodities, da Folha de São Paulo, o Brasil iniciou 2017 com 58 unidades frigoríficas aptas para exportar frango para a União Europeia. Atualmente são apenas 24.
Desde o primeiro trimestre do ano passado, o setor avícola vive momentos tumultuados. Essa situação traz um cenário inédito para o setor.
Pela primeira vez, desde 2009, a produção de carne de frango deverá cair e, consequentemente, afetar as exportações. O setor esperava um aumento de 3% a 4% nas vendas externas deste ano. Se continuar esse cenário desfavorável, as exportações vão recuar 5%.
“Antes, passávamos 80% de nosso tempo abrindo mercados. Agora, passamos 80% de nosso tempo tentando manter esses mercados”, diz Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O Brasil enfrenta problemas em dois dos principiais mercados para a carne brasileira de frango: a União Europeia e a Arábia Saudita.
No caso da União Europeia, o Ministério da Agricultura brasileiro suspendeu as exportações de 15 frigoríficos que vendiam para o continente europeu.
A União Europeia recebe anualmente 440 mil toneladas de carne de frango do Brasil, via cotas. Esse volume é importante para os europeus, uma vez que eles também exportam e precisam manter os contratos deles de vendas externas.
“A autossuspensão deixou os europeus mais irritados com o descumprimento das cotas do que com os problemas sanitários, que são coisas do passado e resolvidas”, diz o presidente da ABPA.
No caso da Arábia Saudita, que importa 14% do frango exportado pelo Brasil, os árabes estão questionando o sistema de abate.
Por princípios religiosos, querem a eliminação da insensibilização dos animais, que é feita via choque.
Os problemas não param por aí. O Brasil tem ainda pendências com a China, outro importante mercado.
Até a África do Sul, que está com problemas sanitários internos, chegou a, embora timidamente, acusar o Brasil de ser responsável pelo problema.