A Agência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) afirma que pode faltar alimento no mundo em 2050, a menos que a produção de grãos aumente em um bilhão de toneladas e a de carne em 200 milhões de toneladas. Especialistas apontam que o Brasil tem potencial para suprir parte da demanda e, caso amplie os investimentos em áreas estratégicas, poderá se tornar líder na produção mundial de alimentos. A estimativa do governo federal é de crescimento de 23% na produção de grãos e 26% na de carnes no país até 2050, conforme o coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasquez.
“Os agricultores estão fazendo a parte deles, fazendo grandes investimentos. Aquilo que depende deles, então fazendo, em termos de conservação de estradas. Mas o governo vai ter que fazer a parte dele também”, aponta.
Em 2011, o mundo alcançou sete bilhões de habitantes. Até 2050, a estimativa é chegar a nove bilhões. De acordo com o economista Newton Marques, a falta de uma política concreta de preços mínimos é um dos entraves para o crescimento da produção.
“É preciso ter uma política que leve em conta a questão dos estoques reguladores. Sai muito caro para o governo fazer estoques e mais caro para a sociedade, se não fizer”, explica.
O sociólogo Sérgio Sauer lembra ainda que a alta na produção depende de um melhor aproveitamento das terras disponíveis.
“O Brasil tem uma extensão enorme e metade das terras é usada para a pecuária, com nível baixo de utilização ou de produtividade. Seria fundamental repensar a pecuária como atividade e a liberação de parte destas terras para a produção de alimentos”, diz.
No campo, a escassez pode virar oportunidade. O produtor rural Derci Cenci afirma ter visto a safra de grãos crescer 15% em sua propriedade no último ano. Os lucros, no entanto, poderiam ser maiores, segundo ele.
“Por não termos estrada de melhor qualidade, a produção chega a ficar até 10 dias nos armazéns. Ou você vai colher um produto perecível. Ficando três ou quatro dias na roça com essa quantidade de chuvas que temos aqui, o produto é prejudicado e você acaba perdendo na quantidade da produção e na qualidade”, salienta.