A estimativa de julho de 2017 para a safra nacional de grãos chegou a um novo recorde: 242,1 milhões de toneladas, uma alta de 31,1% em relação ao ano passado e de 0,7% em relação ao prognóstico de junho. Os dados, divulgados hoje no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, revelam um aumento de mais de 57,4 milhões de toneladas em relação a 2016, impulsionado pelos recordes de produção da soja (115,0 milhões de toneladas) e do milho (99,4 milhões de toneladas).
Segundo o pesquisador do IBGE, Carlos Antonio Barradas, o clima chuvoso beneficiou as lavouras em todo o país, ao contrário de 2016, quando houve escassez de chuvas, principalmente no Cerrado. Outro fator que estimulou a produção foi o aumento dos preços: “Os preços elevados dos principais produtos da agricultura brasileira, nas épocas do plantio da atual safra (safra verão e 2º safras), notadamente soja, milho, arroz e feijão, incentivaram os produtores a ampliarem a área plantada e a investirem em mais tecnologia de produção”. Com isso, a estimativa da área a ser colhida (61,1 milhões de hectares) subiu 7,1% frente à área colhida em 2016 (57,1 milhões de hectares), explica Barradas.
Café surpreende e recua menos que o esperado
Outros produtos que tiveram destaque no levantamento de junho foram arroz, cevada, feijão e sorgo. O café, que apresentou redução de 7% em relação a 2016, não deixou de ser uma boa surpresa: a safra, prevista em 2,8 milhões de toneladas, ou 47,2 milhões de sacas de 60kg, ainda é considerada positiva. “Principalmente, se considerarmos que a produção de café sofre grandes alterações de um ano para outro, ou seja, ano de bienalidade positiva produz muito; ano de bienalidade negativa produz pouco”, comenta Barradas, que esclarece: “Bienalidade é a característica do café de alternar anos de baixa e de grande produção. Após um ano de alta, as plantas se esgotam e, no ano seguinte, produzem menos frutos”.
Impacto positivo na economia
Segundo Carlos Antonio Barradas, a agricultura brasileira em 2017 está “brilhante”, com impactos econômicos positivos interna e externamente. O pesquisador cita os aumentos nas produções de arroz, feijão, cebola e batata como importantes para conter o índice de inflação.
Por outro lado, o aumento na produção da soja, do milho, do café e da laranja também é importante, na medida que esses produtos pautam as exportações brasileiras e, indiretamente, têm impacto em outras produções. É o caso da soja e do milho, cujas safras recordes contribuem para redução dos custos na produção da carne suína e de frangos, outros produtos importantes na pauta das exportações brasileiras.
“O aumento da oferta de alimentos para consumo interno e para exportação deve contribuir para a redução dos índices de inflação, bem como elevar as receitas brasileiras com a exportação do agronegócio”, analisa Barradas. Ele enfatiza o papel do Brasil na produção mundial de alimentos, e ressalta: “a produção tem crescido principalmente devido aos ganhos de produtividade, sem que haja aumento substancial da área ocupada pelas lavouras”.