A visita da presidente Dilma Rousseff à China, de 11 a 15 de abril, será acompanhada passo a passo pelo empresário Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), que embarca hoje para Pequim. A abertura do mercado chinês à carne suína brasileira é um dos esperados anúncios na viagem de Dilma. Essa abertura é aguardada desde 2009, quando o presidente Lula esteve na China e o assunto não foi resolvido, frustrando as expectativas do setor.
Pedro de Camargo Neto diz que a viagem presidencial à China tem um significado especial para a Abipecs. “Esperamos que a visita da presidente Dilma, que, dizem, quer uma diplomacia de resultados, seja coroada de êxito, isto é, abra o mercado para as exportações, entre outros produtos, de carne suína”. Esse passo, acrescenta o empresário, precisa ser completo e definitivo, pois já foram cumpridas as etapas necessárias à abertura do mercado chinês. Os chineses já realizaram ao Brasil as duas missões essenciais: a missão sanitária de campo – a parte de saúde animal já esta resolvida – e a missão sanitária nas fábricas, sobre a qual já enviaram o devido relatório para comentários do Brasil.
“Eu mesmo já fui umas sete vezes para a China, sempre buscando a abertura daquele mercado”, relembra o presidente da Abipecs. Ele embarca para a China no dia 5 de abril e lá permanecerá até o dia 15. Vai participar de reuniões preparatórias à visita de Dilma Rousseff nos dias 7 e 8, e de reuniões bilaterais oficiais e seminários empresariais – durante a estada da presidente em Pequim – nos dias 11 e 12. Em 14 e 15 de abril, Pedro de Camargo Neto vai para a Ilha de Sanya, no Sul da China, onde Dilma Rousseff participará da reunião de cúpula do grupo BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China.
Diplomacia de Resultados: na visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil, há alguns dias, Dilma Rousseff citou nominalmente os produtos com barreiras naquele mercado: etanol, algodão, carne bovina, suco de laranja. “Esperamos que na visita à China ela trate essencialmente de comércio e inclua a carne suína entre os produtos com problemas para entrar naquele mercado”, diz Camargo Neto.
Estatísticas mundiais – Leia a entrevista:
1- Qual a classificação da China no ranking mundial de produtores, consumidores e importadores de carne suína?
Resposta: A China é de longe o maior produtor e consumidor de carne suína, com números que representam mais do que o dobro dos da União Europeia, que ocupa o segundo lugar. O Brasil é o quarto maior produtor e o quinto consumidor.
Nas importações, os números da China flutuam muito, pois em 2008 o país importou 709.000 toneladas. Já no ano passado, a China importou metade disso, ou 350.000 toneladas. Observamos que mesmo quando a China importa pouco o volume é altamente significativo.
2- Se a China anunciar a abertura do seu mercado de carne suína ao Brasil durante a visita da presidente Dilma Rousseff, qual a expectativa de exportação do nosso produto aos chineses nos primeiros cinco anos?
Resposta: Existe por parte da Abipecs a expectativa de que durante a missão presidencial seja concluída importante etapa do processo de aprovação sanitária, viabilizando o início das exportações com a habilitação dos primeiros frigoríficos. Na sequência, o número de frigoríficos aprovados crescerá, possibilitando o aumento das exportações. Estimamos que em cinco anos o Brasil deva exportar 200.000 toneladas.
3- A China importa carne suína de que países atualmente?
Resposta: Os principais fornecedores da China são UE-27, Canadá e EUA.
4- Quanto o Brasil exportou em 2010 em carne suína?
Resposta: O total exportado pelo Brasil, em 2010, foi de 540.418 toneladas de carne suína.