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Brasil quer aumentar vendas de carnes e suco de laranja na Alca

Exportações desses produtos devem ser as principais beneficiadas pelo acordo.

Da Redação 17/11/2003 – 03h53 – A indústria de alimentos do Brasil tem esperanças de vender mais carne e suco de laranja para os Estados Unidos em uma eventual área de livre comércio das Américas, mas acredita que isso virá apenas depois de uma longa batalha. A Alca, que reunirá 34 países em um gigantesco mercado livre com início em janeiro de 2005, se um acordo for obtido, é encarada pelo Brasil como uma oportunidade de aumentar ainda mais o setor exportador agropecuário.

“Não vai acontecer rapidamente, mas se os Estados Unidos começaram a abrir o seu mercado, as exportações de suco de laranja e de carnes serão as principais beneficiadas” afirmou João Sampaio, presidente da Sociedade Rural Brasileira.

O Brasil quer a redução para zero da tarifa sobre o suco de laranja tão logo o bloco entre em atividade e um prazo de 5 anos para ter tarifa zero para a carne suína. Os EUA dizem que precisam de um prazo de 10 anos para reduzir estas tarifas.

No entanto, Sampaio afirmou estar otimista de que um acordo na reunião de Miami na semana que vem poderia quebrar o atual impasse com um programa de cortes graduais nas barreiras ao comércio. Washington tem pressionado para obter uma acordo mais amplo, que inclua compras governamentais, propriedade intelectual e investimentos, enquanto o Brasil quer uma Alca limitada, com foco na redução das tarifas norte-americanas na área agrícola.

Os subsídios agrícolas dos Estados Unidos são apontados pelo Brasil como um fator de distorção dos preços internacionais de commodities.

A agropecuária, que representa 40% da renda total das exportações do Brasil, tem sido o motor da economia, ajudando a tirar o país da recessão. O comércio agrícola deverá gerar um superávit de US$ 24 bilhões neste ano.

O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar, café e suco de laranja concentrado. Deverá ultrapassar neste ano os Estados Unidos no ranking dos maiores exportadores do complexo soja e está próximo de consolidar a liderança nas vendas externas de carne bovina. Os produtores de suco de laranja brasileiros estão otimistas de que a Alca traga maior acesso ao mercado dos EUA e que um acordo seja benéfico para os dois lados.

“Com tarifas mais baixas, o preço do suco cairia nos Estados Unidos e poderia aumentar a demanda pelo produto no país. Seria bom para nós e bom para a Flórida” disse Edemerval Garcia, presidente da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos).
Garcia lembrou que o suco de laranja concentrado brasileiro exportado para os EUA, o maior mercado mundial do produto, está sujeito a uma tarifa de US$ 418 por tonelada.

Alguns produtores de açúcar no Brasil vêem poucas chances de conseguirem reduzir as barreiras para o produto. O açúcar é a commodity com o maior nível de protecionismo nos Estados Unidos.

As informações são da agência Reuters.