O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, enviou há duas semanas uma carta à comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmstrom, em que reclama do rigor com que a União Europeia passou a fiscalizar os carregamentos de carne de frango exportada pelo Brasil.
A carta foi endereçada à UE na mesma semana em que o Brasil se queixou no Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC) de inspeções e rejeição de carregamentos de frango salgado brasileiro na Europa por causa de salmonela, como mostrou o Valor.
A carta de Blairo, no mesmo contexto da reclamação na OMC, questiona por que os europeus vêm utilizando um critério de inspeção de salmonela em carne de frango in natura diferente do usado no frango com 2% de adição de sal.
Na carta, o ministro justifica que o Brasil vem adotando várias medidas para endurecer a fiscalização contra os frigoríficos após a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março, e que revelou um disposto esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais do Ministério.
Blairo argumenta na carta que a União Europeia adotou um critério restritivo e está cobrando um padrão sanitário sem justificativa técnica no rol dos procedimentos internacionais. “Para tentar barras as nossas exportações, a UE está depreciando a imagem do frango do Brasil”, diz um técnico do Ministério.
Em relação às reclamações na OMC, os europeus já haviam sido duros na resposta, dizendo que o Brasil não tinha razão de reclamar, e que o problema era provocado pelo país, mencionando a Carne Fraca. Segundo a UE, a maior detecção de salmonela ocorre porque os critérios microbiológicos são mais estritos do que para a carne de frango fresca.
Segundo os europeus, desde que os exportadores brasileiros decidiram colocar sal na carne fresca de frango, o produto final tende a cair na definição de pratos preparados, sofrendo controle maior.