Da Redação 12/11/2004 -O Brasil teve que reconhecer a China como um país com economia de mercado para assinar acordos de cooperação comercial e de investimentos no setor agropecuário e tecnológico. Isso deve trazer mais dificuldades para a indústria nacional se defender de produtos fabricados na China.
A anúncio ocorreu nesta sexta-feira pouco antes da declaração conjunta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega chinês Hu Jintao, que está em visita ao país.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu o status da economia de mercado da China e isso permitirá uma parceria e facilitará o comércio, além de intensificar a cooperação comercial entre os dois países”, afirmou o presidente chinês em cerimônia no Palácio do Planalto.
Os chineses conseguiram o reconhecimento após mais de 20 horas de negociação comercial, que contou com um esforço conjunto das equipes dos Ministérios das Relações Exteriores, da Agricultura e do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.
Inicialmente, segundo o ministro Luiz Fernando Furlan, os representantes do governo do presidente Hu Jintao queriam vir ao Brasil apenas com o propósito de reconhecimento.
“A posição chinesa era uma espécie de samba de uma nota só, estamos vindo aqui para receber o status de economia de mercado e ponto. A nossa posição, dada pelo presidente Lula, era: ou tínhamos um acordo equilibrado ou não teríamos acordo”, afirmou Furlan a jornalistas após a declaração conjunta dos dois presidentes.
A garantia dada pelos chineses é que com o reconhecimento o Brasil passa a ter privilégios no acesso a mercado e a ser considerado “um amigo prioritário” do país, de acordo com as palavras de Furlan.
A China poderá, então, utilizar regras plenas da Organização Mundial do Comércio (OMC) para equalizar o comércio bilateral com o Brasil, como processos de antidumping que eventualmente existam para equilibrar os preços internacionais com os valores cobrados pela China.
Os principais acordos foram fechados na área agrícola para exportação de carne bovina in natura e em miúdos, num comércio estimado em 600 milhões de dólares anuais, e de frango processado e in natura. O Brasil assinou ainda um acordo de importação de frango e carne suína.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que os produtores de ave devem ganhar no ano que vem cerca de 200 milhões de dólares com o comércio bilateral.
O Brasil assinou ainda tratados de cooperação nas áreas aeroespacial, de turismo, extradição, e de combate ao crime organizado.