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Economia

Brasil tolerante

<p>Pela integração, Brasil deve ter menos divergências com vizinhos, avalia economista.</p>

Ex-vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro governo Lula e hoje na presidência da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Venezuela, o economista Darc Costa tomou posse ontem na recém-criada Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul. Apesar de todas as divergências recentes entre os governos dos países da região, Costa disse ser preciso exercer a tolerância entre os países em prol de uma estratégia comum de desenvolvimento e integração.

A região passou recentemente por diversos problemas comerciais e políticos, como a nacionalização de refinarias da Petrobras na Bolívia, a reivindicação do Paraguai em rever os termos do tratado fechado com o Brasil na hidrelétrica de Itaipu e a saída da Odebrecht do Equador.

Costa, que também é consultor para negócios de empresas na Venezuela, acredita que a federação pode diminuir os atritos entre os países do continente, ao fazer a interlocução do empresariado com os governos. Entusiasta da política do governo federal de incentivar a integração econômica entre os países da região, Costa admite que o trabalho não é fácil e avalia que o Brasil deve arcar com alguns custos devido ao papel de liderança que o país exerce em meio a vizinhos com estruturas econômicas diversas. “Se tem um garoto pedindo esmola, não pode dar um tapa no garoto”, disse. “O Brasil tem liderança nesse processo e temos que exercê-la, o que muitas vezes pressupõe pagar um preço, não podemos ganhar sempre”, afirmou Costa, também coordenador de estudos estratégicos da Escola Superior de Guerra (ESG).

Durante a cerimônia de posse de Costa na federação, o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, disse que a federação pode ajudar na tarefa de construir uma infraestrutura de transporte e de energia dentro e entre os países do continente. “O comércio abre as possibilidades de troca, de cooperação”, disse. Na sua avaliação, a federação vai permitir a coordenação de esforços do setor privado e terá “todo o apoio do Itamaraty”.

A América do Sul responde por 19% da corrente de comércio exterior do Brasil. O continente representa 19,4% das exportações brasileiras e 14% das importações. O saldo comercial do Brasil com a região subiu 460% entre 2003 e 2008 devido especialmente às importações da Venezuela.