O Governo brasileiro deve tomar contramedidas e suspender a importação de produtos argentinos para convencer o parceiro do Mercosul a ser mais leal nas relações bilaterais. A posição é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, em face da decisão do governo argentino anunciar medidas protecionistas, desta vez contra a importação de alimentos com similares nacionais.
De acordo com a Faesc, empresários e produtores rurais não aceitam mais esse comportamento da Argentina e as indústrias que sofrem no mercado interno a concorrência de produtos argentinos, como o vinho e .lácteos, exigem do governo a adoção de barreiras que até agora o Brasil tem evitado.
O intercâmbio com Brasil/Argentina vem evoluindo de forma equilibrada nos últimos meses. De janeiro a abril, o Brasil vendeu à Argentina US$ 4,8 bilhões e importou US$ 4,3 bilhões. A situação atual é bem diferente de 2008, quando o Brasil acumulou superávit de US$ 4,347 bilhões no comércio bilateral. Além disso, os alimentos representam pequena fração do valor do intercâmbio, no qual predomina o comércio de automóveis.
Pedrozo observou que ainda não se conhece uma relação oficial completa dos produtos barrados. Uma das grandes preocupações da Faesc é a carne suína. A Argentina é o quarto mercado da carne suína catarinense. Se a suspensão das importações argentinas atingir esse produto, poderá haver excesso de oferta no mercado interno e os preços – que estão em uma linha ascendente de recuperação – podem sofrer nova depressão.
O presidente da Faesc lamenta que as relações comerciais entre Brasil e Argentina estejam regredindo e que o Mercosul caminha para um fracasso. Oficialmente, o bloco é uma união aduaneira, por isso o Brasil não pode firmar acordos de livre comércio sem a participação de Argentina, Uruguai e Paraguai. “Como esse status de união aduaneira não funcionou na prática, o melhor seria retornar o Mercosul à condição de área de livre comércio. Assim, o Brasil teria mais liberdade de negociação com outros países. Até agora, o bloco não preenche sequer as condições para merecer essa denominação”.