Redação (16/06/06)- O presidente George W. Bush prometeu ontem (15) que os Estados Unidos seguirão os passos da União Européia (UE) se o bloco abrir seu setor agrícola para obter um acordo ambicioso na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). As negociações da OMC estão em um momento decisivo no qual são necessárias decisões “difíceis”, disse hoje Bush em ato sobre desenvolvimento global e luta contra a pobreza realizado em Washington.
Agora é o momento de estarmos juntos e fazermos deste mundo um mundo de livre-comércio acrescentou.
Bush disse que “os países da Europa devem tomar uma decisão difícil na agricultura, e os do G-20, na indústria”. O G20 (Grupo dos Vinte) é formado por países em desenvolvimento e exportadores agrícolas, como o Brasil.
Se o G20 ceder no setor industrial, acrescentou, “os Estados Unidos estão preparados para tomar uma decisão difícil com eles”, para que as negociações para a liberalização do comércio mundial possam ser encerradas com um acordo justo e positivo para todos. Esta é a mensagem que o presidente transmitirá aos líderes europeus na cúpula bilateral entre UE e EUA que será realizada na quarta, em Viena, e que a nova representante de Comércio Exterior, Susan Schwab, expressará aos integrantes da OMC.
Estamos dispostos a tomar medidas na agricultura, nos serviços e na indústria, mas esperamos que as outras nações façam o mesmo. Esperamos que nos dêem acesso a seus mercados afirmou Bush.
As negociações entre os 150 membros da OMC estão há anos mergulhadas em disputas. Os países em desenvolvimento, como Brasil e Índia, exigem que os EUA, a UE e outras nações ricas abram mais seus mercados agrícolas e concedam menores subsídios a seus produtores. Os países desenvolvidos querem que as nações em desenvolvimento diminuam suas barreiras nos setores industrial e de serviços.
Os Estados Unidos parecem decididos a dar um impulso à agenda comercial diante da proximidade do prazo estabelecido pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, para que os membros do organismo aproximem suas posições. Lamy recomendou que os países se reúnam no final de junho em Genebra se quiserem concluir com sucesso as negociações no prazo previsto, o final deste ano.
Bush ressaltou que a luta contra a pobreza é uma batalha que interessa a todos, inclusive para melhorar a segurança dos países ricos, pois os Estados mais fracos e pobres são mais atraentes para “terroristas, tiranos e criminosos” criarem refúgios.
Ajudando as nações pobres a criar um futuro mais promissor, estamos construindo prosperidade e reduzindo a atração do radicalismo afirmou o presidente americano em discurso no qual quase não mencionou o terrorismo e o Iraque.
O discurso de hoje soma-se à série de atos públicos de Bush nos últimos dias e a sua viagem de surpresa a Bagdá, em uma tentativa de recuperar sua popularidade aproveitando o golpe de efeito representado pela morte do líder da rede terrorista Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi. A estratégia parece estar surtindo efeito, pois as pesquisas publicadas nos últimos dias apontam uma alta do índice de aprovação presidencial, que há um mês estava entre 29% e 33% e agora se encontra acima dos 35%.