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Caça às baleias

Populosos e com grande potencial econômico, China, Rússia, Índia e África do Sul aumentam exportações brasileiras.

Da Redação 25/06/2003 – A primeira vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu falar do conceito das baleias foi da boca do chanceler Celso Amorim, quando o convidou para chefiar o Itamaraty. Baleias, esclareceu, são os países com território extenso, população gigante e enorme potencial de crescimento econômico. China, Rússia, Índia e África do Sul além do Brasil se enquadram neste conceito. Na semana passada, atento à balança comercial, o presidente pôde perceber os benefícios existentes em se aproximar das baleias. O País obteve um superávit de US$ 1 bilhão com a China apenas nos quatro primeiros meses do ano, enquanto no mesmo período do ano passado o saldo foi de apenas US$ 8 milhões. Um salto de exatos 12.400%. Com a Índia, em que as trocas comerciais no ano passado somaram US$ 1,2 bilhão, a expectativa é de que essa cifra seja cinco vezes maior até o final do mandato de Lula. Executivos da indústria automobilística brasileira enxergam na África do Sul vendas de 400 mil veículos por ano. Os representantes do setor têxtil estimam em US$ 4 bilhões o mercado consumidor de confecções da Rússia. “Mal começamos a trabalhar este ano e já vamos triplicar nossas exportações para a China e a Rússia”, diz o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.


Esses resultados estão levando o Itamaraty a montar uma agenda presidencial especial. Logo depois da posse, o próprio Lula, em encontro com o embaixador da China no Brasil, Jiang Yuande, manifestou sua vontade de atravessar o globo. “Quero ir a Pequim, de preferência este ano”, propôs. A viagem está em fase adiantada de organização entre as chancelarias dos dois países. Também estão sendo agendadas visitas a Moscou e a Nova Délhi para o início de 2003. Em três semanas, o presidente Lula desembarca em Joannesburgo, na África do Sul. “Queremos estreitar relações comerciais e montar parcerias políticas estratégicas”, explica o chanceler Amorim. A recíproca é verdadeira. No início de junho, o primeiro-ministro da Índia, Shri Bihari Vajpayee, esteve em Brasília para conhecer Lula e acertar os ponteiros de um acordo de preferências tarifárias e livre comércio com o Mercosul. O Itamaraty ofereceu aos indianos a exportação da tecnologia de monitoramento do Sistema de Vigilância da Amazônia, o Sivam. Também foram abertas negociações sigilosas para a venda de aviões da Embraer e de equipamentos militares. Em Evian, no mês passado, durante a reunião do G-8, Lula se encontrou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e propôs formar um bloco estratégico das baleias para intercâmbio comercial e ações conjuntas na Organização Mundial do Comércio.

A tarefa de aproximação com os chineses é fundamental nos planos do governo. A China é o maior filão comercial do planeta. Está há uma década com taxa de crescimento anual no patamar de 14%. Em uma década terá a maior classe média do mundo. O superávit brasileiro na balança comercial deve fechar o ano em US$ 2,5 bilhões. “Em cinco anos podemos levar o comércio bilateral a US$ 10 bilhões”, calcula Qi Linfa, conselheiro econômico chinês no Brasil. É hora, assim, de se lançar ao mar.