Apesar das perspectivas positivas para o ano, a avicultura brasileira, até então resistente a crises externas, se deparou com queda de 13,8% nas exportações no mês de julho, reflexo da crise internacional, que envolve Europa e Estados Unidos, da primavera árabe, com os confrontos na Síria e na Líbia, o embargo russo, e o processo antidumping que a África do Sul iniciou contra o frango brasileiro. O resultado é uma queda elevada nos volumes, com 310,8 mil toneladas, frente às 360,5 mil toneladas do ano anterior.
“Só mesmo um amontoado de problemas internacionais para frear momentaneamente a expansão do setor de aves do Brasil”, afirmou o médico veterinário e membro do corpo técnico da Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícola (Facta), Gabriel Jorge Neto. Mesmo assim, as perspectivas de produção, exportação e consumo são positivas, com um crescimento da atividade de 5,9% em volume de produção, atingindo 13 milhões de toneladas, contra os 12,3 registrados no ano passado. “No segundo semestre os consumidores ficam mais em casa, consumindo mais proteínas em suas refeições. Somado a isso, este é um período em que a concorrência da carne bovina não é tão grande, pois a oferta do produto no mercado é menor”, garantiu Neto.
As exportações de julho registraram queda de 13,8% em volumes, fechando com 310 mil toneladas, frente as 360 mil toneladas do ano anterior. Já em receita, o resultado foi positivo, com crescimento de 3,8%, com total de US$ 669 milhões no sétimo mês de 2011, e US$ 644 milhões no ano passado. Para o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, além dos problemas citados acima, o mês de julho do ano passado registrou um resultado bastante atípico para o período.
Os problemas ocorridos em julho não afetaram o saldo do setor que segue positivo. Segundo a Ubabef as exportações brasileiras de carne de frango atingiram 2,239 milhões de toneladas entre janeiro e julho de 2011, 3,4% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Esse saldo representou receita de US$ 4,669 bilhões nos sete primeiros meses deste ano, 24,3% acima dos US$ 3,756 bilhões de 2010.
Na comparação de janeiro a julho de 2010 contra 2011, o Oriente Médio continua a figurar como o principal destino para o frango brasileiro. Esse ano a região importou 828,2 mil toneladas, alta de 5,2% ante o ano passado, com uma receita 27,6% maior. A Ásia também permanece na segunda posição com 632,5 mil toneladas, 9,5% maior que o ano passado, e uma receita 35% maior. A União Europeia que era a quarta importadora de frangos do Brasil no ano passado, aproveitou o impasse africano e comprou 284 mil toneladas esse ano, alta de 10,5% ante 2010, e uma receita 30% maior. Por fim a África do Sul, na quarta posição recuou 3,6% nas exportações do produto, fechando de janeiro a julho desse ano com 263 mil toneladas, contra os 273 mil do ano passado. Apesar da queda no volume, e na arrecadação ampliou em 12% a receita brasileira.
Para Jorge Neto o setor é tão promissor que na próxima década estima-se um incremento anual na produção de pelo menos 4%. “A tendência para o final do ano são positivas, as exportações serão maiores e no segundo semestre devemos fechar com um incremento no volume e no faturamento. E para a próxima década estimamos crescimentos constantes de 4% ao ano pelo menos, em volume”.
China – O setor de carnes brasileiro se reuniu na tarde de ontem para debater junto ao Ministro da Agricultura, Wagner Rossi, sobre o futuro do embargo russo, e a visita técnica dos japoneses ao Brasil, para a abertura desse mercado, esperada para o final deste mês. No entanto a Ubabef, presente na reunião, afirmou que o representante do ministério não compareceu. “Além desses assuntos, nós iríamos pedir mais agilidade na resposta dos questionários para habilitar mais plantas para a China. E depois que isso estiver fechado vamos tentar convencer os chineses para liberar”, disse Turra, que se mostrou bastante ansioso pela resolução do assunto.