A avicultura industrial brasileira nasceu em Santa Catarina e conquistou o mundo, é sinônimo de eficiência e qualidade e, há 40 anos, está presente em todos os continentes: a carne de frango catarinense é consumida em mais de 150 países. Entretanto, a competência exportacionista da avicultura barriga-verde, ao lado de outros setores da economia, está sendo anulada pela política cambial.
O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Pirola Ávila, declara com todas as letras: “Estão acabando com a competitividade brasileira na avicultura”.
“Sabemos que a relação cambial dólar/real é um importante instrumento governamental para o controle da inflação e do endividamento, mas, essa valorização do real nos tornou mais caros e menos competitivos em relação ao nosso maior concorrente e maior produtor mundial, os Estados Unidos da América do Norte”, expõe o dirigente.
A valorização do real preocupa seriamente os setores exportacionistas. Ávila enfatiza que a sobrevalorização do real em relação ao dólar produz o “perverso efeito de destruir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e inexoravelmente impacta diretamente a indústria de processamento de carnes”. A preocupação do presidente da Acav reflete o temor que assola a vasta cadeia do agronegócio brasileiro. “Estamos mantendo o nível produtivo em respeito aos clientes conquistados nas últimas quatro décadas, mas, é evidente que a tendência é de queda, no médio prazo. Não há empresário que consiga se sustentar com esse desequilíbrio absurdo”.
Ávila lembra que o real supervalorizado torna o produto brasileiro muito caro, levando os compradores no mercado mundial a procurar outros fornecedores, como os norte-americanos. “Temos que evitar perder os mercados tão duramente conquistados”, assinala.
Aparentemente não haveria motivo para preocupações, pois, em setembro, as exportações de frango cresceram 20% em divisas (as vendas externas em setembro totalizaram US$ 591,7 milhões de dólares) e 16,5% em volume (337,8 mil toneladas embarcadas), de acordo com a União Brasileira de Avicultura. De janeiro a setembro, os embarques registraram crescimento 5% em volume (2,8 milhões de toneladas) e 17,2% em faturamento (US$ 4,9 bilhões de dólares). As exportações totais de 2010 devem fechar em US$ 6,8 bilhões de dólares resultantes da venda de 3,8 milhões de toneladas de carne de frango.
A preocupação da Acav resulta das perspectivas do comportamento do câmbio no horizonte de 2011: tudo indica que o governo federal não mudará o regime em vigência, com acentuada desvalorização do dólar frente ao real.
O presidente Clever Ávila prevê, no próximo ano, o aumento acelerado das importações de um lado e, a queda das exportações, por outro. O dirigente mostra que o real robusto e valorizado tem um aspecto bom – facilita investimentos na modernização do parque industrial e na modernização das empresas em geral. Entretanto, a manutenção de forma indefinida desse quadro origina um perigoso processo de desindustrialização interna brasileira.
Efeitos
“Não podemos exportar empregos e sucatear a indústria nacional, como ocorreu na primeira fase do plano Collor, cujos danos foram responsáveis por arrasar setores inteiros, como a cultura do algodão ou a indústria eletroeletrônica, que levaram muito tempo para se recuperarem.Se isso ocorrer, teremos perdas sociais e econômicas enormes”.
O dirigente destacou que a importância do setor é inquestionável: a avicultura brasileira emprega direta ou indiretamente 4,5 milhões de pessoas, produz 12 milhões de toneladas de carne, gera 20 bilhões de dólares em movimento econômico e representa 1,5% do PIB nacional. Somente os 36 maiores exportadores de carne de frango sustentam 311 mil empregos diretos. O Brasil é o maior exportador mundial de frango, respondendo por 42% do comércio internacional. O país exporta 3 milhões 850 mil toneladas de carne congelada de frango por ano para mais de 150 países.
O presidente da Acav, Clever Pirola Ávila, destacou que a avicultura brasileira nasceu no oeste de Santa Catarina, na década de 1970. Há 40 anos a avicultura barriga-verde está presente nos maiores mercados do mundo. São 17.000 produtores integrados que criam mais de 700 milhões de aves por ano. O Estado é o maior exportador e o segundo maior produtor (o primeiro é o Paraná).