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Economia

Cambio e custos penalizam avicultura industrial catarinense

Setor tem enfrentado grandes desafios com a falta de infraestrutura e logística, a desvalorização do real e a crise nos países compradores.

Cambio e custos penalizam avicultura industrial catarinense

A avicultura catarinense teve, no 1º bimestre deste ano, um crescimento da produção na ordem de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os preços, entretanto, continuam estáveis e os custos aumentam em função da seca no sul do País.

O presidente da Associação Catarinense (ACAV), Clever Pirola Ávila, lembra que Santa Catarina exporta carnes para mais de 150 países, sendo pioneiro na produção e exportações. No entanto, o setor tem enfrentado grandes desafios com a falta de infraestrutura e logística, a desvalorização do real e a crise nos países compradores.

Os resultados no mercado externo foram pífios neste primeiro bimestre. Sem evoluções significativas e mantendo os contratos efetuados. A Argentina reduziu drasticamente suas importações em função de ajustes da sua balança comercial, impactando diretamente no setor de carnes. “Nesse regime cambial de real valorizado, portanto, desfavorável aos exportadores, não nos resta muitas alternativas “a não ser trabalhar ainda mais forte na redução de custos, pois nossa competitividade foi dramaticamente afetada”. Por isso, os investimentos em automatização industrial estão ganhando mais ênfase.

O mercado interno continua a ser uma boa surpresa e prevalece o diagnóstico obtido no ano passado: as classes D e E assumem papel importante de consumidores – em função da melhor renda per capita.

Pirola Ávila realça que o Estado exporta para mais de 150 países e, além de ser o pioneiro na produção, foi também pioneiro nas exportações. “Como toda indústria exportadora em todos os setores, estamos sofrendo com a desvalorização do real, perdendo a competitividade e criando um dilema cruel: a manutenção dos mercados que conquistamos nas últimas décadas a um custo extremamente alto. Acredito que todos conhecem a expressão “de posições conquistadas não se abre mão”.

– “Nossos avanços de 40 anos não podem ser simplesmente abandonados por essa valorização irreal da nossa moeda, pelo protecionismo dos países em crise financeira e pela necessidade de alguns países exportarem mais”.

FERROVIAS – O presidente da ACAV assinala que as principais dificuldades que o setor enfrenta para crescer em Santa Catarina residem na falta de infraestrutura ferroviária, ligando o centro oeste brasileiro, maior produtor de grãos da América Latina. Os catarinenses importam cerca 4 milhões de toneladas ao ano despendem em mais de 30% do custo dos grãos em logística. E a falta de infraestrutura ferroviária ligando o oeste catarinense aos portos cria gargalos rodoviários e altos custos para a transferência desses produtos aos grandes centros consumidores e exportação. Esta malha levaria os produtos acabados, além de viabilizar o retorno com grãos da Argentina.

Além desses percalços, o setor enfrenta, ainda, a desigualdade de incentivos fiscais e tributários, que cada vez mais empurram a agroindústria catarinense para outros Estados. “Somente um planejamento estratégico de longo prazo e suprapartidário pode mudar este cenário”, na opinião do dirigente.