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Política cambial

Câmbio e exportações em 2010

CNA estima novo recuo na exportação em 2010. "Real valorizado vai trazer uma redução expressiva da receita líquida dos produtores", diz Kátia Abreu.

Pressionadas pela persistente desvalorização do dólar frente ao real, as exportações do agronegócio devem experimentar um novo recuo em 2010, prevê a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). As vendas externas devem somar US$ 65,3 bilhões no próximo ano, um resultado pouco superior aos US$ 64,7 bilhões projetados para 2009.

A China e a Índia devem continuar sua política de formação de grandes estoques para garantir o consumo doméstico, mas a demanda não será suficiente para “salvar” o ano do agronegócio. “O real valorizado vai trazer uma redução expressiva da receita líquida dos produtores. Essa é a nossa principal preocupação para 2010”, afirmou ontem a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

Os preços das commodities agrícolas tiveram, segundo ela, uma recuperação bem inferior às demais mercadorias. “Ainda temos uma defasagem grande”, disse a senadora. A CNA prevê uma taxa de câmbio entre R$ 1,70 e R$ 1,75.

As exportações de 2009 devem ficar 11% abaixo dos US$ 71,8 bilhões registrados em 2008. Mesmo assim, o agronegócio ampliará, de 36,3% para 42,8%, sua fatia no total embarcado pelo país ao exterior. O superávit comercial do setor deve recuar 9,2% neste ano, para US$ 54,9 bilhões, segundo estimativas feitas pela própria CNA.

Em 2010, as vendas da indústria sucroalcooleira devem ser as principais beneficiadas no próximo ano. O complexo soja, carro-chefe das exportações nacionais do agronegócio, deve permanecer no mesmo nível dos embarques de 2009 – ou seja, ao redor de US$ 18 bilhões. “Mas as margens para a exportação se reduziram muito, como no caso do leite e do arroz”, ressalvou o economista Guilherme Dias, professor da USP e consultor da CNA.

O saldo da balança comercial no próximo ano deve crescer para US$ 55,5 bilhões, segundo as projeções divulgadas ontem pela CNA. “Devemos ter uma boa performance dos segmentos de produtos florestais e do milho em 2010”, estimou a economista Rosemeire dos Santos, da CNA.