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Câmbio e insumos inibem produção

<p>Segundo consultor, a produção poderia crescer tranqüilamente acima dos 10% se o Brasil investisse basicamente em setores estratégicos como infra-estrutura e crédito.</p>

Redação (21/07/2008)- Os altos custos com insumos e a desvalorização do dólar são os principais fatores para a desaceleração da safra de grãos 2008/09, que deverá crescer 4,4%, ante os 8,1% da safra 2007/08. Levantamento da Carlos Cogo consultoria agroeconômica feito com exclusividade para a Gazeta Mercantil aponta uma produção nacional de grãos na casa dos 148,7 milhões de toneladas para a próxima safra.

"Realmente o dólar baixo e os fertilizantes em alta reduzem a rentabilidade. Mas a produção poderia crescer tranqüilamente acima dos 10% se o Brasil investisse basicamente em setores estratégicos como infra-estrutura e crédito", explica o consultor Carlos Cogo. Ele argumenta que o custo é apenas o primeiro fator que restringe o avanço, pois aumentaram no mundo inteiro. "O País está com a "faca e o queijo" na mão e não está sabendo tirar proveito dos bons preços das commodities no mercado internacional.

Cogo afirma que é contra o plano de safra. "O produtor espera até o limite para ver qual cultura será a mais viável", afirma. Para combater isso, o consultor acrescenta que o setor precisa de crédito para investimento em comercialização e custeio por um período maior. "Com um prazo de dez anos, por exemplo, a visão do setor será mais ampla", avalia.

A situação com infra-estrutura e armazenamento é extremamente precária e, de acordo com o consultor, deve piorar se não surgirem novos projetos e investimentos. Segundo informou, 67% do escoamento da produção nacional é feito por rodovias, 28% por ferrovias e 5% em hidrovias. "As ferrovias pertencem a empresas privadas e as malhas não competem entre si. Isso faz com que o frete fique no mesmo patamar do rodoviário", exemplifica. A falta de investimento e concorrência no setor ferroviário não permitiu que o ramal acompanhasse o desenvolvimento do País. Atualmente são 30 mil quilômetros de extensão, número semelhante ao do Japão, país 22 vezes menor que o Brasil.

No que diz respeito à armazenagem, a situação não é diferente. Nesta safra, a capacidade de armazenamento é de 123,7 milhões de toneladas de grãos. O déficit na comparação com a atual safra é de 18 milhões de toneladas. "Isso sem contar a capacidade ideal apontada pela Conab, que deve ser 20% maior que a safra", ressalta Cogo. O setor é considerado estratégico para que os produtores consigam minimizar a pressão sobre o prêmio do porto no auge da safra. O consultor ainda revela que apenas 15% do potencial de estocagem está nas mãos dos produtores. Nos Estados Unidos e na Argentina esse número é de 50%.

O trigo foi o grão que apresentou a maior elevação na produção para a próxima safra, alta de 38,1%. A previsão é de que sejam colhidos 5,2 milhões de toneladas, número que foi impulsionado pelos bons preços negociados no mercado internacional. "Os problemas com a Argentina ajudaram a puxar os preços no mercado interno e os produtores se entusiasmaram", explicou Cogo. A expectativa dele é que os produtores consigam bons preços pela commodity na próxima safra, mas não nos patamares da anterior.

O algodão foi única cultura que obteve redução na produção, queda de 15% com uma previsão de safra de 2 milhões de toneladas. Mesmo com bons preços no mercado internacional, a rentabilidade das lavouras está com margem negativa de até 30%.