A desaceleração de 1,36% para 0,63% do IGP-DI em outubro reflete a menor variação cambial e o preço mais favorável da soja no período. A avaliação é do superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Salomão Quadros.
“O efeito do câmbio está bem mais fraco e a última subida da soja, entre agosto e setembro deste ano, está praticamente desfeita”, diz o economista. O que pode causar impacto agora no índice é um provável, e esperado, aumento no preço dos combustíveis.
Com o resultado do mês passado, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) acumula alta de 4,51% no ano e de 5,46% em 12 meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede preços no atacado, subiu 0,71% em outubro, ante alta de 1,90% em setembro. O IPA de produtos agropecuários cedeu de alta de 2,04% para 0,42%, enquanto o de produtos industriais passou de 1,85% para 0,83%.
“Para o fim do ano, há espaço para desaceleração no índice, mas cada vez mais se cogita o aumento da gasolina e do diesel”, disse Quadros. Segundo estimativas do economista, cada ponto percentual de aumento da gasolina nas refinarias resultaria em impacto de 0,02 ponto na formação do índice.
Nos preços ao consumidor (IPC) medidos pela FGV, o impacto seria um pouco maior: para cada ponto de aumento da gasolina nas bombas, o indicador avançaria 0,03 ponto. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o impacto pode chegar a 0,04 para cada ponto percentual de aumento.
A expectativa de Quadros é que o IGP-DI feche este ano abaixo do observado em 2012 (8,1%). “Ainda podemos ter uma taxa de novembro superior ao observado em igual mês do ano passado [quando foi 0,25%], mas em dezembro pode ser menor.” Em dezembro de 2012, o IGP-DI subiu 0,66%.
Entre outros fatores que continuam pressionando o IGP-DI, mas com menor peso na comparação com câmbio e soja, estão carne bovina e a recuperação do preço do minério de ferro nos últimos meses. Para o economista da FGV, em relação ao acumulado nos últimos 12 meses (5,46%), o índice poderá subir um pouco até o fim do ano, mas será “residual”.
Para a LCA Consultores, a desaceleração do IGP-DI no mês passado foi causada principalmente pelo recuo dos alimentos e bebidas no atacado, que avançaram em setembro e perderam força no mês passado, e pelo efeito do câmbio nos produtos químicos.
Os dois setores, de acordo com a consultoria, contribuíram para a desaceleração tanto dos preços industriais quanto dos agropecuários do IPA. Fabio Romão, economista da LCA, espera desaceleração ainda mais intensa do indicador em novembro, que, segundo ele, deve ficar em 0,22%. “A pressão da depreciação cambial do meio do ano teve efeito até setembro. Em outubro já aparece a desaceleração em vários setores. Em novembro, o movimento deve se intensificar”, afirma.
Na avaliação da Rosenberg & Associados, o recuo no IPA industrial foi disseminado e provocado pela valorização do real. “A queda na indústria é câmbio. Tem a ver com a valorização recente do real frente ao dólar”, afirma Fernando Parmagnani, economista da consultoria.