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Câmbio pressiona

<p>Dólar cai ainda mais e deixa o agronegócio de MT sem rumo.</p>

Da Redação 12/08/2005 – A constante queda do dólar, aliada aos prejuízos causados pela ferrugem asiática e pela estiagem em algumas regiões do Estado, deverá provocar um recuo entre 10% e 15% na produção de grãos na safra 05/06. A previsão é da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), que aponta ainda o aumento dos custos de produção e as dificuldades dos produtores em negociar as dívidas de custeio com as indústrias como outros fatores limitantes ao plantio.

O principal problema, segundo o diretor-secretário da Famato, Valdir Correa, é a defasagem cambial. Enquanto no ano passado vendíamos a saca da soja por até R$ 43, este ano a cotação não chega a R$ 25, exemplifica. Ele diz que a defasagem cambial está corroendo a renda do agricultor e colocando em cheque a atividade agrícola no País. O câmbio é fundamental para a manutenção da atividade e para o crescimento da produção. Com o dólar baixo, pouca gente se arrisca a fazer novos investimentos.

Anteontem, os preços no mercado disponível da soja no Brasil caíram ainda mais, refletindo a queda do dólar, que na terça-feira fechou abaixo de R$ 2,30 pela primeira vez em três anos. Produtores que ainda não comercializaram parte da produção, a espera de reações positivas neste segundo semestre, estão desesperados, afinal, o plantio da nova safra começa em menos de 60 dias.

No Porto de Paranaguá, o principal para escoamento de grãos do Brasil, a saca da soja de 60 quilos era cotada na quarta-feira (10) a R$ 33 ou R$ 550 por tonelada (t), contra R$ 600/t da quarta-feira da semana passada.

“A situação é preocupante, pois no ano passado o produtor gastava 28 sacas de soja para comprar uma tonelada de adubo. Neste ano, ele tem que dar 41 sacas para comprar a mesma quantidade de adubo porque o dólar despencou frente ao real”, completa Valdir Corrêa.

Em função deste quadro, ele diz que o produtor será obrigado a reduzir os investimentos em tecnologia, especialmente em relação à adubação do solo. “Muitos produtores estão recorrendo à poupança do solo para aplicar menos adubo. Fica bem mais barato fazer uma análise de solo e dosar a aplicação de adubo, do que manter a dosagem da última safra ou pensar em ampliar a área”, sugere o diretor da Famato.

A idéia, segundo Valdir, é fazer o emprego de tecnologia de acordo com a situação do solo em áreas indicadas para o plantio. “O estudo do solo vai permitir ao produtor ter um controle sobre os nutrientes da terra e, a partir daí, reduzir a aplicação de adubos, item responsável por 40% dos custos de produção.”

Ele acredita que mais da metade dos produtores em Mato Grosso irão optar pela redução do uso de adubos, o que implicará também em uma menor produtividade da lavoura.

“Há casos, ainda, de produtores que serão obrigados a reduzir a área de plantio por causa dos prejuízos com a estiagem e a ferrugem asiática. Além disso, há um clima de pessimismo em relação ao refinanciamento das parcelas de custeio, pois as indústrias não parecem dispostas a bancar a contrapartida de 5%”, afirma o diretor da Famato.

Valdir diz que o melhor negócio para o produtor, este ano, será negociar a compra de insumos com o preço do dólar fixado em real. “No agronegócio, quem perde é só o produtor. Chegou a hora da indústria também assumir riscos”.