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Capitalizado, Marfrig fecha nova aquisição no Uruguai

<p>Depois de fechar a compra dos frigoríficos Frigoclass, em Promissão (SP), ABP , na Argentina, e Tacuarembó, no Uruguai, nos últimos dois meses, o Marfrig segue com apetite.</p>

Redação (29/11/06) – A empresa brasileira, que acaba de captar US$ 375 milhões em eurobônus no mercado internacional e deve faturar R$ 2 bilhões este ano, adquiriu este mês outro frigorífico uruguaio, o Elbio Perez Rodriguez, localizado no departamento de San José.

Com a nova aquisição no país vizinho, o Marfrig reforça a estratégia para acessar o mercado americano, para onde o Uruguai tem autorização para exportar carne bovina “in natura”. Os frigoríficos brasileiros têm permissão apenas para vender carne industrializada para aos EUA.

O país impõe restrições ao Brasil por não reconhecer o sistema brasileiro de regionalização para a aftosa. Em julho deste ano, o Bertin adquiriu o também uruguaio Canelones com o mesmo intuito de garantir acesso ao mercado dos EUA. Além dos Estados Unidos, o Uruguai também pode exportar para Canadá, México e Caribe, outros mercados ainda com restrições sanitárias à carne bovina brasileira.

O Elbio Perez vai agregar ao Marfrig, o terceiro exportador brasileiro, um abate de 700 cabeças de gado por dia, o mesmo volume que o frigorífico pode abater na unidade do Tacuarembó, adquirida em outubro. No total, entre Argentina e Uruguai a capacidade de abate do Marfrig é de 2.500 cabeças por dia. No Brasil, chega a 10 mil cabeças em nove unidades. O Bertin, o segundo maior exportador brasileiro, abate 7 mil cabeças por dia no país, e o Friboi, o primeiro em embarques, tem capacidade de abate de 14.400 animais.

A compra da nova unidade no Uruguai foi confirmada pelo presidente do Marfrig, Marcos Molina dos Santos, por meio de sua assessoria de comunicação. Os detalhes da operação não foram divulgados, mas fontes do mercado estimam que pelo porte do frigorífico – e pela habilitação para exportar aos EUA -, o valor envolvido é da ordem de US$ 25 milhões. Pelo Tacuarembó, o mercado estima que o Marfrig pagou US$ 35 milhões. Já o Frigoclass e o APB foram adquiridos do britânico Terry Johnson, em outubro, por US$ 23 milhões e US$ 20 milhões, respectivamente, de acordo com fontes do setor.

O frigorífico recém-adquirido pelo Marfrig no Uruguai tem um perfil diferente do Tacuarembó, que é o terceiro maior exportador de carne bovina do Uruguai. Enquanto o Tacuarembó faturou US$ 78,026 milhões com as exportações de carne bovina até outubro deste ano, o Elbio embarcou US$ 1,779 milhão no período. Foram US$ 10,083 milhões no ano passado, segundo o Instituto Nacional de Carnes (Inac).

A empresa também atua no segmento de carne ovina, mas o Marfrig informa que fará abate apenas de bovinos na unidade.

Avesso a badalações, o presidente do Marfrig, Marcos Molina, disse ao Valor em outubro que o interesse no Uruguai se devia à possibilidade de acessar 11 mercados aos quais o Brasil ainda não pode vender, entre eles Estados Unidos, México e Canadá.

Especialistas do setor de carnes acrescentam que tão importante quanto o acesso ao mercado dos EUA é a possibilidade de alcançar mercados que levam em conta a aprovação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na hora de abrir o seu mercado ao produto. Além dos países do Nafta, este é o caso de Japão, Taiwan e Coréia do Sul. O Brasil ainda não tem habilitação para exportar carne in natura a nenhum desses mercados.

A razão para o Marfrig adquirir em um período tão curto de tempo dois frigoríficos no Uruguai está relacionada à estratégia da empresa de ampliar sua base de produção, para se firmar entre os maiores exportadores de carne bovina, avaliam especialistas. Para este ano, a previsão do Marfrig é exportar US$ 500 milhões.

Com rebanho de 12 milhões de cabeças de gado, o Uruguai exportou em 2005 um volume de 478,7 mil toneladas (equivalente-carcaça) em carne bovina, com receita de US$ 765,4 milhões. Só para os EUA foram US$ 497,5 milhões. Neste ano, até outubro, o país exportou, no total, US$ 436,6 milhões, sendo US$ 232, 4 milhões ao mercado americano, diz o Inac.