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Carne Suína

Carne Suína em 2012: Crise de custos no 1º semestre, recuperação de preços na segunda metade e exportações ao redor de 580 mil toneladas

Abipecs divulga avaliação sobre mercados interno e externo, produção, produtividade e competitividade.

Carne Suína em 2012: Crise de custos no 1º semestre, recuperação de preços na segunda metade e exportações ao redor de 580 mil toneladas

O ano de 2012 foi marcado, internamente, por uma crise de pressão de custos no setor de carne suína. Os preços mais altos do milho e da soja levaram a uma rápida elevação dos custos de produção, reduzindo a rentabilidade dos produtores e dos frigoríficos.

A situação desfavorável do primeiro semestre foi mais grave para as empresas que só vendem produtos in natura no mercado interno e para as dependentes dos mercados russo e argentino, nos quais ocorreram embargos. O mesmo não aconteceu com as empresas com alto grau de industrialização, uma vez que as vendas de produtos industrializados no mercado doméstico não sofreram interrupção.

Esta é a avaliação da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

As companhias focadas no mercado de cortes (in natura) foram as mais afetadas pela pressão dos custos: houve queda nas exportações e dificuldades de colocação dos seus produtos no mercado interno.

Além disso, persistiram as restrições do mercado russo e dificuldades de acesso à Argentina. Esses fatores provocaram sobra de carne in natura no mercado interno, levando a queda de preços. Tal situação marcou sobretudo o primeiro semestre no mercado interno, pois os estoques se elevaram rapidamente. Já no segundo semestre, houve uma gradual recuperação dos preços, com baixa de estoques e melhora nas vendas internas.

Perda de competitividade – Custos de produção e logística, no Brasil, tiraram boa parte da competitividade do produto brasileiro frente ao americano e europeu, principalmente no mercado russo e, em parte, no mercado asiático.

Pela proximidade com a Rússia, os europeus desovaram seus estoques subsidiados a preços muito competitivos. Na China, o mercado ficou travado para o Brasil por conta da importação feita pelo governo chinês de 500 mil t dos EUA, em uma tentativa de segurar o processo inflacionário naquele país asiático. O volume importado foi vendido ao longo do primeiro semestre. No segundo semestre, Hong Kong voltou às compras com mais intensidade e com preços mais satisfatórios. As vendas diretas para a China, embora com cinco estabelecimentos habilitados e um sexto prestes a ser informado, permaneceu muito restrita, segundo a Abipecs.

Aumento de produção e de produtividade – Um destaque de 2012 foi o aumento de produção. Esta atingiu 3,49 milhões de toneladas, um crescimento de 2,5% na comparação com 2011. Esse desempenho foi possível graças à elevação de 1,5% na produtividade do rebanho e do peso médio de abate de 600 gramas por carcaça, apesar da alta no custo da ração.

Consumo per capita – O volume comercializado internamente foi quase o mesmo do ano passado – em torno de 2,8 milhões de toneladas. O consumo per capita permaneceu ao redor de 15 kg por habitante/ano.

Exportações – Em 2012, as exportações de carne suína, em volume, devem ficar em torno de 580 mil toneladas, ainda abaixo do patamar alcançado pelo Brasil em 2007 (ano anterior à crise financeira mundial), de 607 mil t. As receitas, em 2012, tiveram queda até novembro de 4,48%, devido à redução de 12,2% no preço em dólar (US$ 2.039 a tonelada em relação a US$ 2.324 em 2011).

Perspectivas para 2013 no mercado interno

– A produção deve crescer 1%, bem abaixo do seu potencial, devido principalmente à crise que afetou os produtores que operam sem contrato de produção e as indústrias com baixo nível de diversificação de produtos e mercados e que têm foco somente no mercado interno.

– Apesar da diminuição dos plantéis dos suinocultores sem contrato, o alojamento de matrizes cresceu moderadamente, em torno de 1,5%, devido à ampliação do rebanho de algumas integradoras e principalmente nas cooperativas.

– Em 2013, deverá continuar a pressão sobre os custos de produção, uma vez que os estoques de grãos permanecerão baixos e o mercado mundial seguirá demandante de matéria-prima das rações.

– As margens de comercialização continuarão pressionadas.

Principais acontecimentos no mercado externo

Embargo russo – Teve início em junho de 2011. Das 21 fábricas que estavam autorizadas a exportar carne suína para a Rússia, apenas uma unidade, em Santa Catarina, não foi afetada pela suspensão. No início de 2012, três unidades foram liberadas para exportar. A expectativa de regularização do comércio com a Rússia, como resultado da próxima viagem da presidente Dilma a Moscou, é reduzida, de acordo com a ABIPECS.

A autoridade sanitária russa Rosselkhoznadzor continua a reclamar de atrasos persistentes na entrega de documentos por parte do Ministério da Agricultura (MAPA), embora este informe que toda documentação solicitada foi entregue, certamente com atrasos. “Continuaremos sem um protocolo de equivalência sanitária para as regras sanitárias do importante mercado russo”, diz Pedro de Camargo Neto, presidente da ABIPECS.

Restrições na Argentina – Em fevereiro de 2012, a Argentina introduziu novo documento necessário para autorizar importações, restringindo as compras em geral e, em especial, as de carne suína do Brasil. Em fins de junho de 2012, foi assinado acordo entre o Brasil e a Argentina que permitiu a retomada das vendas de carne suína ao mercado vizinho. Infelizmente, em outubro, a Argentina voltou a dificultar a liberação da documentação necessária, prejudicando o fluxo comercial.

EUA aprovam carne suína do Brasil – no início do ano, o Brasil recebeu a aprovação pelo FSIS – Food Safety and Inspection Service dos EUA (serviço da equivalência de normas sanitárias de abate de suínos entre Brasil e EUA). As exportações não se iniciaram devido à competitividade muito semelhante entre Brasil e EUA. Diversos pequenos países da América Central e do Caribe já aprovaram a mesma lista de estabelecimentos que aparece no site do FSIS.

Japão – O processo de aprovação para as exportações de Santa Catarina para o Japão caminha muito bem, embora lentamente, como de hábito. Em agosto de 2011, a análise de risco sobre saúde animal foi finalmente aprovada. Ainda faltam a aprovação do modelo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) e a lista de estabelecimentos. “Continuamos a acreditar que isso ocorrerá brevemente”, afirma Camargo Neto.

Coreia – Infelizmente, o processo de habilitação, que havia iniciado muito bem em 2009, passou a enfrentar inúmeros problemas que o Mapa não tem conseguido equacionar.

União Europeia – 2012 transcorreu com pouco ou nenhum progresso em relação a esse mercado. Tomou-se conhecimento do relatório da missão veterinária ocorrida no fim de 2011 que, surpreendendo, a nosso ver, apresentou problemas. A ABIPECS acredita que a União Europeia persiste em atitudes protecionistas, criando situações que atrasam o processo. “Continuaremos a insistir, pois temos confiança de que o setor tem todas as características técnicas necessárias para receber a aprovação”, diz Pedro de Camargo Neto.