O diretor de Relações com Investidores da JBS, Jeremiah O’Callaghan, disse, nesta terça-feira (12/8) o setor de carne suína é o que tem maior potencial de crescimento na próxima década. Ele fez a afirmação durante seminário sobre o agronegócio, promovido pela Câmara Americana de Comércio, em São Paulo.
“É o setor que tem o modelo certo para crescer na próxima década, mais que a carne de frango e bem mais que o bovino”, disse o executivo.
O’Callaghan avaliou que o segmento de suíno sempre teve mais dificuldades em relação às carnes bovina e de frango porque o “propulsor” do crescimento sempre foi a exportação. Ele acredita que ainda há necessidade de abertura de mais mercados para o produto nacional. No mercado interno, avaliou que havia uma espécie “aversão” ao consumo de carne suína in natura, o que está mudando. Segundo ele, da virada do século para cá, o consumo no Brasil passou de 12 para 18 quilos por pessoa ao ano.
Sobre a carne de frango, o diretor de Relações com Investidores destacou de forma positiva o sistema de integração de criadores com as empresas, um modelo, conforme ele contou, criado nos Estados Unidos na década de 50. Segundo Jeremiah O’Callaghan, mesmo como a concentração das integrações na parte sul do país, é competitivo. “Apesar do problema logístico e do custo para levar o alimento, a competitividade do Brasil é grande, 35% do frango consumido no mundo é do Brasil.”
Bovinos
Sobre o segmento de bovinos, principal área de atuação da JBS, o executivo destacou a evolução da genética e a melhoria das pastagens no país como fatores de aumento da competitividade. O’Callaghan lembrou que, no início da década de 80, um animal era abatido com quatro a cinco anos de idade. Atualmente, ocorre em torno de 24 a 30 meses e com peso 30% maior.
Com relação ao comércio internacional, destacou que, anteriormente, as exportações de carne bovina eram feitas pelas chamadas trading companies e, até 15 anos atrás, estavam “commoditizadas”. “Hoje é muito mais constante, segmentada, agregadora de valor e fez a diferença. Se não houvesse preço internacional, não teríamos como vender no mercado interno como vendemos hoje”, disse ele, lembrando que 20% da produção de carne bovina no Brasil são embarcadas para o mercado externo.
Diferente de representantes de outros setores do agronegócio, Jeremiah O’Callaghan disse que, no caso da carne bovina, os problemas logísticos não têm impacto tão grande quanto na soja, por exemplo. Um dos motivos está no fato do volume ser “relativamente baixo”. Outro é o desenvolvimento das exportações por contêiner.
O maior desafio para o setor ainda é o da sustentabilidade. Na opinião do diretor da JBS, o Brasil já superou grande parte dos obstáculos que impediam o comércio com regiões como a Europa. “O cadastro dos fornecedores é tecnificado e hoje a sustentabilidade é mais uma peça de marketing do que um risco.”
Apesar da avaliação positiva, o executivo avaliou que a indústria “está exercendo um papel que talvez não seja o dela”, de monitorar toda a cadeia de fornecedores, o que, muitas vezes, impõe a responsabilidade de ter controle sobre propriedades distantes dos locais onde estão os frigoríficos. “A questão indígena é a que está mais evidente. Talvez a área onde estamos mais expostos por falta de uma base de dados sobre o assunto que possamos consultar.”