Comer carne de agora em diante vai custar mais no bolso do consumidor. Os preços já subiram cerca de 50% e não há perspectiva de baixa significativa segundo avaliação de lideranças do setor.
O presidente da Aurora, Mário Lanznaster, acredita que o tempo de carne barata se foi. Ele avaliou que a alta ocorrida nos últimos meses ficará estável. O secretário de Agricultura do Estado, Enori Barbieri, não vê perspectiva de queda nos preços a curto prazo. E nem no próximo ano.
“Vamos ter que comer mais arroz e batata, carne bovina vai ser coisa de elite”, brincou o secretário de Agricultura do Estado, Enori Barbieri. O motivo é que houve uma alta geral dos preços dos alimentos no mundo.
Barbieri afirmou que o problema começou com uma quebra da safra de trigo na Rússia e a um aumento das importações de milho na China. Como o milho é o principal produto da alimentação dos animais, o preço do cereal disparou.
Para se ter uma idéia em Santa Catarina os criadores que pagavam R$ 17 a saca agora pagam R$ 27. Além disso há uma escassez de bovinos no Brasil, fruto de abates de matrizes e de uma seca no Centro Oeste.
A falta de carne bovina aumentou o preço. Na sequência aumentou o suíno e o frango. “O aumento da carne bovina ajudou a alavancar as outras carnes”, disse o presidente da Associação Catarinense de Avicultura, Cléver Ávila. No entanto ele considera que o maior fator para o aumento foi a elevação dos custos, impactados pelo preço do milho e do farelo de soja.
Novo aumento até o final do ano
Ávila considera que haverá um novo aumento, de 5 a 7%, até o final de dezembro, em virtude do maior consumo para as festas de final de ano. Em janeiro poderá haver uma queda de preços, mas não aos patamares anteriores. A redução de preços ainda vai depender de uma boa safra de milho.
O diretor-executivo do Sindicatos das Indústriaas de Carnes e Derivados de Santa Catarina, (Sindicarnes), Ricardo Gouvêa, atribui a alta a três fatores. Um deles é o aumento do preço da carne bovina, que acaba oportunizando o aumento das outras carnes. O segundo fator é o aumento dos custos de produção. E o terceiro é o aumento de consumo no final do ano.
Gouvêa disse que o momento é de recuperação dos ganhos da cadeia produtiva, que vinha trabalhando com dificuldade desde a crise mundial de 2008.
O diretor do Sindicarnes considera que pode haver uma redução de preços no início do próximo anos, mas mantendo em níveis elevados. Os preços também podem aumentar com a abertura de novos mercados para exportação.
Para Enori Barbieri o preço do suíno aumentou devido a uma melhora no poder aquisitivo da população, já que a maioria desta carne é industrializada. O consumo per capita do suíno deve atingir 14 quilos neste ano, contra uma média histórica de 12 quilos. E o consumo de frango, que ultrapassou a barreira dos 40 quilos per capita/ano, deve continuar crescendo.
“Com esse preço da carne bovina a população vai optar por uma proteína mais barata, que é o frango”, concluiu Barbieri.