O preço da carne vermelha que sofreu aumento de, em média, 20% desde o fim de julho por causa da estiagem, deve voltar a cair somente no início do ano que vem. De acordo com os produtores de gado de corte, mesmo com o início do período chuvoso, o preço deve permanecer aquecido. “Mesmo se começar a chover hoje, o gado levará de dois a três meses para voltar a engordar no pasto”, disse o produtor Antonio José de Almeida.
Outro fator que pode contribuir para manter o preço elevado é o crescimento do consumo desse tipo de carne nos últimos três meses do ano. “É a lei da oferta e da procura. Com o aumento do número de festas, a carne continua com o preço aquecido. É assim todos os anos”, disse Roberto José da Silva, proprietário há 18 anos de um açougue localizado no bairro Roosevelt, zona norte de Uberlândia.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Uberlândia e Região (Sindicarnes), Everton Magalhães, afirma que os preços possam ser ainda mais inflacionados até novembro. “O consumidor pode esperar, pelo menos, mais 10% de aumento. A oferta de boi gordo está escassa, porque os produtores da região não investiram muito nos bois de confinamento neste ano, uma vez que o gasto é bem maior”, disse.
Consumo aumentou 20%
O dono de um açougue no bairro Santa Mônica, na zona leste de Uberlândia, Gilmar Alves Braga disse que alguns clientes têm substituído a carne vermelha pela carne branca por causa do aumento do preço do produto. “No mês de agosto, vendi cerca de 20% a mais de carne de frango e de porco, em relação a julho”, afirmou. Segundo a nutricionista Tatiane Petry do Amaral Nunes, as carnes brancas têm basicamente os mesmos nutrientes das vermelhas. “É possível compensar essa troca, pois as duas são ricas em proteína, ferro e zinco. Este último encontrado especialmente em peixes. A principal vantagem da carne branca é que ela é mais saudável por conter menos gordura”, disse.
Luís Márcio Basílio diz que não abre mão da carne vermelha no cardápio, mas confessou ter aumentado o consumo de carne branca em casa. “Se antes tinha carne bovina todos os dias no almoço, agora tem somente em dois ou três dias da semana”, afirmou.
Reajuste será repassado
Mesmo com o aumento de preço da carne vermelha, os donos de churrascarias de Uberlândia afirmam que os valores não foram repassados aos clientes. “O preço do rodízio continua o mesmo. Se aumentamos, corremos o risco de a casa não encher como de costume”, disse Wilson Antonio Mocellin, dono de uma churrascaria localizada na região central.
Gerente de uma outra churrascaria que também não repassou o aumento para os clientes, Derli Bataglin disse que não será possível segurar o preço antigo por muito tempo. “Acredito que será possível permanecer assim por mais uma semana, no máximo, depois o reajuste será inevitável”, disse.