O Brasil tem sido frequentemente apontado como candidato natural para oferecer quantidades de milho cada vez maiores ao mercado internacional, mas o rápido desenvolvimento de sua indústria de carnes deve impedir que o país aumente sua fatia no mercado externo de forma expressiva nos próximos anos. De acordo com projeções do Rabobank, em 2015 o excedente exportável de milho no país pode ser de apenas dois milhões de toneladas.
Para elevar a produção acima de suas taxas históricas, o Brasil teria que ter um incentivo, na forma de preços bem acima do custo de produção do milho, avalia o banco.
“Pode ser concluído que os níveis de preço que acelerariam a expansão da safra de milho no Brasil deveriam ficar bem acima do custo marginal de produção e refletir as circunstâncias particulares de cada região produtora. Parece claro que esse tipo de incentivo é necessário para estimular taxas de crescimento acima da média e maiores investimentos em tecnologia, necessários para elevar o excedente exportável”, diz relatório do banco.
Em 2010/2011, a produção brasileira de milho, de 57,5 milhões de toneladas, correspondeu a 6,7% da oferta mundial. O país é o terceiro maior produtor mundial, bem atrás de Estados Unidos e China, respectivamente responsáveis por 38,8% e 20,6% da oferta. Cerca de 70% da produção brasileira vai para a indústria de carnes.
A demanda global crescente por carnes nos próximos anos por causa do aumento da população e da renda nos emergentes, em particular na China, deve absorver os excedentes da produção de milho, ao menos no Brasil. Estimativas recentes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) projetaram um aumento de 9% no consumo global de carnes bovina, suína e de frango até 2015, saltando de 265 milhões para 290 milhões de toneladas entre 2010 e 2015.