As propostas foram feitas depois que a UE, que também vende carnes para a Rússia, anunciou que planeja impor quotas de importação de grãos em 2003. A Rússia havia tentado ampliar seu volume dentro da quota de grãos de UE, o que não conseguiu.
O Brasil vende carnes bovina, suína e de frango para a Rússia, mas a preocupação maior é com carne suína porque as vendas brasileiras do produto estão concentradas no país.
Pela proposta apresentada pelo Ministério da Agricultura russo à Comissão Governamental de Medidas de Proteção em Comércio Exterior, a alíquota de importação da carne suína passaria dos atuais 15% para 80%. A do frango sairia de 25% para 35% e a de carne bovina, de 15% para 25%.
Além da alíquota maior, os russos podem impor quotas de importação para as carnes: 420 mil toneladas para a carne bovina, 750 mil toneladas para o frango e 340 mil toneladas para a carne suína.
As carnes – No caso da carne suína, a quota para todos os países é pouco maior que os volumes exportados apenas pelo Brasil de janeiro a outubro deste ano: 313 mil toneladas. No total, as vendas brasileiras somaram 369 mil toneladas. “Se as medidas entrarem em vigor, será uma catástrofe para as exportações de carne suína”, disse o diretor da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Cláudio Martins. Segundo ele, a embaixada brasileira em Moscou foi comunicada da proposta na semana passada.
O impacto nas vendas de carne de frango seria menor, uma vez que o país exporta para vários mercados. Até outubro, a Rússia comprou 164 mil toneladas de frango brasileiro. No período, o Brasil exportou 1,324 milhão de toneladas.
Os exportadores de carne bovina esperam não ser afetados. Segundo Ênio Marques, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), a competitividade da carne bovina brasileira reduziria o impacto da maior alíquota e da quota. O Brasil deve exportar 40 mil toneladas para o país este ano.