O Brasil precisa ampliar a desoneração das vendas externas, reduzir os custos de transporte e baratear o crédito para o comércio exterior para fazer frente ao crescimento das exportações da China. Esse posicionamento consta de relatório divulgado ontem (15/07) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, os produtos brasileiros continuam a perder mercado para os chineses.
A participação da China nas importações brasileiras continua a crescer. No primeiro trimestre deste ano, as mercadorias chinesas correspondiam a 13,71% do que o Brasil comprava no exterior, contra 2,19% há dez anos. A participação chinesa das importações do Brasil só perde para os Estados Unidos, cuja fatia é de 14,8%.
De acordo com a economista Sandra Rios, consultora da CNI, a melhoria da competitividade dos produtos chineses não se deve apenas à desvalorização do yuan, a moeda da China, nem aos subsídios aplicados pelo governo comunista. Ela destaca que o país tem apostado em capacitação profissional e na melhoria da qualidade dos produtos.
“A China tem feito investimentos significativos em educação e na melhoria dos produtos. Aliado à política cambial, aos subsídios para a produção e à oferta de crédito a juros nulos, a China reúne qualidades que outros países não têm condições de adotar”, diz a consultora.
Segundo a economista, o aumento das exportações de bens de capital da China, nos últimos anos, é a prova da melhoria da qualidade dos produtos do país asiático. “A imagem de que a China só vende camisetas, sapatos e confecções de baixa qualidade é coisa do passado”, ressalta. Atualmente, os eletrodomésticos (32%) e os bens de capital (21%) respondem pela maior parte das exportações chinesas.
Para Sandra, o Brasil tem de agir internamente para melhorar a competitividade das exportações e também investir na agenda internacional. “Na frente internacional, o Brasil deve insistir para que a China reduza os subsídios domésticos e permita que o câmbio volte a níveis mais realistas”, sugere.
Desde o ano passado, a China superou os Estados Unidos e virou o principal destino das mercadorias brasileiras. Apesar de o país ser grande consumidor de produtos primários do Brasil, a economista afirma que o cenário é preocupante. “O crescimento das exportações tem sido puxado pela demanda de produtos primários pelos asiáticos. Isso não é negativo, mas o problema é que Brasil tem tido dificuldades de manter o mercado de produtos industrializados”, acrescenta.