Redação (26/02/2009)- Nos esforços pelo aprofundamento da reforma, o governo chinês vem empenhando-se, nos últimos anos, em ampliar a demanda interna de consumo e reajustar a estrutura de importação e exportação para corrijir a dependência demasiada da exportação como meio de crescimento econômico. Especialmente frente ao alastramento da crise financeira global, à deterioração da situação econômica externa e à redução da exportação, evidencia-se mais a premência da ampliação da demanda interna. Atualmente, o governo chinês está adotando uma série de medidas para alavancar o consumo da população e o mercado rural é uma prioridade em sua agenda de trabalho.
A partir de 2005, o Ministério do Comércio da China implantou um programa voltado ao mercado rural, segundo o qual, foram criados nos três anos cerca de 250 mil supermercados nas zonas rurais piloto, em busca da redução da diferença de consumo entre o meio urbano e o meio rural. O programa está basicamente concluído e alcançou bons resultados. Durante o Festival da Primavera de 2009, o volume de venda diária do supermercado Oriente, em Luxi, uma pequena aldeia da província de Hubei, duplicou devido à adesão à cadeia organizada pela Companhia de Supermercados Oriente de Hubei.
A dona da casa comercial, Li Xianglan, habitante da aldeia Luxi, disse:
"O volume de transações é duas vezes maior do que antes. Faturava diariamente uns mil yuans mas agora, depois de integrar a cadeia de supermercado, o movimento comercial alcançou por volta de dois mil yuans por dia."
Com a adesão à cadeia comercial, as mercadorias no supermercado da dona Li são fornecidas pela companhia, o que garante a qualidade das mercadorias, especialmente dos produtos alimentares e dos insumos agrícolas. A boa qualidade serve de garantia para o aumento do volume de transações, segundo Li.
Nos últimos anos, o Ministério das Finanças e o Ministério do Comércio co-implantaram o programa Eletrodomésticos ao Campo com o objetivo de alavancar a aquisição e atualização deste tipo de mercadorias no campo através da concessão de subsídios às famílias camponesas. De acordo com as estipulações, as finanças centrais e regionais dão um subsídio direto aos camponeses que equivale a 13% do preço de sua compra. Depois de um ano de trabalhos experimentais, o programa se estende agora para todo o país e os produtos abrangem televisor a cores, geladeira, celular, máquina de lavar, moto, computador, aquecedor de água e aparelho de ar condicionado.
O responsável pelo programa na cidade de Tongliao, Mongólia Interior, Zhang Yaobao, disse que o programa Eletrodomésticos ao Campo estimulou o consumo da população rural, especialmente das famílias de renda baixa e média.
"O programa atende principalmente às demandas de consumo das famílias camponesas de renda baixa e média. A política de subsídio ajuda a mobilizar a iniciativa destas famílias para o consumo. Com as mercadorias de funções técnicas maduras e bons serviços de pós-venda, o programa beneficiará os camponeses na atualização de seus eletrodomésticos."
Conforme as estatísticas e cálculos, os subsídios estatais para este programa vão subir para 15 bilhões de yuans contra os 9 bilhões no ano passado e a política poderá movimentar, este ano, mais de 100 bilhões de yuans no mercado interno e alavancar a venda de eletrodomésticos, nos próximos cinco anos, no valor de mais de 500 bilhões.
Além da indústria eletrodoméstica, as empresas automobilísticas chinesas têm encontrado também suas oportunidades. No final de Fevereiro deste ano, o governo chinês lançou seu plano de reestruturação da indústria automobilística, segundo o qual o governo destinará cinco bilhões de yuans para subsidiar aos camponeses a retirada de triciclos motorizados da circulação e a aquisição de camionetas leves e micro-ônibus de baixa emissão. O porta-voz da Companhia Automobilística Chery, Jin Yipo, disse que sua empresa vai aproveitar a chance para aumentar seus investimentos no mercado rural.
"Agora, uma parte de trabalhadores migrantes voltaram das cidades ao campo, acumularam certos fundos e são capazes de comprar veículos motorizados para os negócios de transporte de mercadorias e passageiros. São eles nossos clientes potenciais. Já lançamos uma linha de micro-ônibus e queríamos agarrar bem esta oportunidade."
Existe grande potencialidade no mercado rural. Mas a situação favorável do mercado se baseia no aumento da renda dos agricultores, por isso, o governo central emitiu o documento No.1 de 2009, voltado ao desenvolvimento rural em seis anos consecutivos, em busca da estabilidade da produção agrícola e do aumento da renda dos agricultores.
Conforme o diretor do Gabinete do Grupo Central dos Trabalhos Rurais Chen Xiwen, a redução da exportação, provocada pela crise financeira global, levou ao desemprego uma parte de camponeses migrantes que trabalhavam nas empresas manufatureiras e, segundo cálculos, cerca de 20 milhões de trabalhadores migrantes ficaram desempregados, cifra que ocupa 10% da mão-de-obra camponesa migrante do país. O governo chinês adotará as medidas para ajudá-los no emprego.
"Entre as medidas, o governo vai incentivar as empresas nas cidades e nas regiões litorâneas a fazer todo o possível para não demitir ou reduzir a demissão dos empregados; fornecer aos trabalhadores migrantes mais oportunidades de formação profissionalizante para aumentar-lhes a capacidade de emprego; atrair mais trabalhadores migrantes para os projetos da infra-estrutura pública e dar ajuda no seu próprio empreendimento."
Além de dar ajuda à mão-de-obra rural no emprego, o governo dará subsídios aos agricultores na compra de sementes de qualidade e ferramentas agrícolas e continuará elevando o preço mínimo da aquisição de cereais.
Enquanto o governo se esforça pelo aumento da renda da população rural, agricultores também começaram a utilizar os novos resultados da pesquisa científica e tecnológica em busca do próprio enriquecimento e os benefícios aos conterrâneos. O camponês da aldeia Hongxing nos arredores da cidade de Shenyang, nordeste da China, Cao Dongzhe, coleta as informações comerciais através da internet e ajuda seus conterrâneos na venda de arroz e ervas medicinais para os mercados da Coréia do Sul, Japão e Rússia. Em 2008, o valor da venda de produtos agrícolas, pela internet, ultrapassou a casa de 100 milhões de yuans. Para o ano 2009, Cao espera contratar mais coletores de informações ajudando-os a enriquecer.
"Queremos contratar em 2009, cerca de 10 mil coletores de informações. Com seus trabalhos, o movimento comercial através da internet será ainda maior."
Para especialistas em questões rurais, o mercado rural poderá desempenhar um papel positivo para alavancar o mercado doméstico chinês, através da aplicação de uma série de políticas estatais e do aperfeiçoamento da infra-estrutura educacional e do sistema de previdência social no meio rural.