A abertura do mercado chinês à carnes suína e bovina brasileiras – um dos principais objetivos da visita oficial de três dias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarcou segunda-feira na China, depois de passar pela Arábia Saudita – não deverá ser concedida. Apesar da insistência de técnicos do Ministério da Agricultura e de representantes do setor privado, que negociam desde a semana passada com autoridades chinesas, a China só deve anunciar a liberação imediata das licenças de importação da carne de frango.
Atualmente, há 24 frigoríficos de frango habilitados. Os chineses se comprometeram a comprar o produto há cinco anos, mas ainda não o fazem por entraves burocráticos.
Segundo fontes ligadas assunto, o governo chinês só deve anunciar em outubro uma decisão sobre a carne de porco. Um dos maiores produtores de suínos do mundo, a China leva em conta a pressão interna. Até segunda-feira, a condição dos chineses para a liberação era que o Brasil também comprasse deles.
No caso da carne bovina, o impasse começou há um ano, quando a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) devolveu a Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás o status de exportadores, retirado em 2005, devido a focos de febre aftosa. Mas a China só deu autorização a três frigoríficos. O governo brasileiro pediu o envio de uma missão ao Brasil para atestar a sanidade do produto.
Já a Petrobras tentava fechar, na segunda-feira, um financiamento de US$ 10 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) e um contrato com a petrolífera chinesa Sinopec. Em entrevista à revista chinesa “Caijing”, Lula disse que “os negociadores da China são duros”. “Imagino que eles pensem a mesma coisa do outro lado”, completou.
O BDC deve conceder ainda US$ 800 milhões ao BNDES e US$ 100 milhões ao Banco Itaú.
Lula deve ser cobrado para reconhecer a China como economia de mercado , compromisso informal assumido em 2004, quando o presidente chinês, Hu Jintao, esteve no Brasil. O governo brasileiro reluta em formalizar essa posição devido às pressões da indústria paulista e de outros países.