A China foi o país que mais investiu recursos em fusões e aquisições no Brasil entre 2009 e 2012.
Negócios chineses são poucos, de alto valor e visam commodities
Empresas do país asiático foram responsáveis por 16,1% –equivalente a US$ 21,5 bilhões– do total dessas transações nesse período, um pouco à frente dos Estados Unidos (15,6%).
A conclusão é de uma pesquisa do banco Credit Suisse que mapeou 677 operações de fusões e aquisições caracterizadas como IED (investimento estrangeiro direto) entre 2005 e 2012.
As transações analisadas pelo banco somaram US$ 188,3 bilhões, mais da metade (56%) de todo o IED recebido como participação no capital de empresas pelo Brasil nesse período. Existe outra categoria de IED, classificada como empréstimos entre empresas.
Entre 2005 e 2008, a presença da China nas operações de fusões e aquisições no Brasil tinha sido marginal (apenas 0,1% do total).
“Esse salto da participação chinesa ajuda a explicar o forte desempenho do investimento estrangeiro direto no país nos últimos anos”, diz Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse.
PESO DA CHINA
Dados oficiais divulgados pelo Banco Central não permitem identificar o peso da China nos investimentos realizados no Brasil porque contabilizam os fluxos de IED com base no país de onde os recursos são remetidos.
Isso faz com que paraísos fiscais e grandes centros financeiros escondam muitas vezes a nação de origem dos investimentos.
Segundo dados do BC, a China respondeu por apenas 0,6% do IED recebido pelo Brasil entre 2009 e 2012.
“Esse estudo cobre em parte uma lacuna importante dos dados oficiais. Com base em informações anedóticas, já havia uma impressão de que a China havia se tornado uma fonte importante de IED”, afirma o economista Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transacionais).
SALTO EM RANKING
O Credit Suisse estima que os US$ 65,3 bilhões de IED que o Brasil recebeu em 2012 representaram 5% do total investido por empresas multinacionais globalmente, a fatia mais alta registrada em três décadas.
Embora o fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil tenha recuado 2,1% no ano passado, a queda foi inferior às estimativas para outros países emergentes como China (-3,7%), Rússia (-16,6%) e Índia (-13,6%) e para o IED global (-18,3%).
Esse movimento contribuiu para que o Brasil saltasse do quinto para o quarto lugar no ranking de nações que mais receberam IED, segundo estimativa do Credit Suisse, entre 2011 e 2012.
O país, atualmente, só perde para EUA, China e Hong Kong. Em 2009, o Brasil ocupava a 14ª posição.