Redação (06/03/2009)- A China anunciou que aumentará os gastos em agricultura em 20% em 2009 para 716,14 bilhões de yuans (US$ 104,66 bilhões), informou hoje o Ministério das Finanças. A medida é parte de um esforço geral do país para fortalecer a economia, mas, segundo analistas, pode não ser suficiente devido à magnitude dos problemas enfrentados este ano. A elevação dos gastos no setor é o mais baixo em três anos, ao mesmo tempo em que o governo tem a difícil tarefa de dar suporte aos preços dos grãos em meio a demanda fraca, de acordo com os analistas. Em 2008 o aumento dos gastos foi de 38%, e em 2007 foi de 23%.
Do gasto total previsto, 123,08 bilhões de yuans serão destinados a subsídios a produtores, uma alta de 19,4% no ano, segundo esboço do ministério sobre o orçamento anual apresentado durante reunião do Congresso Nacional do Povo. O aumento dos subsídios também ficou abaixo do de 2008, que foi de 100%. "Os subsídios do governo podem não ser suficientes para compensar a alta nos custos de insumos este ano", disse Yu Baoping, do Centro de Pesquisa de Economia Rural.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que a agricultura é a "base da economia", e acrescentou que o governo tomará todas as medidas possíveis para proteger as terras cultiváveis e regular o seu uso, e pretende manter a área de plantio no país acima da marca de 120 milhões de hectares. "Manteremos a área total plantada de grãos estável, focaremos no aumento da produtividade e na otimização da diversificação das lavouras, além de elevar a produção de grãos em 50 milhões de toneladas", afirmou.
A China, com 1,3 bilhão de habitantes, enfrenta grandes desafios para garantir a segurança alimentar, em meio ao aumento de demanda por causa da melhoria do padrão de vida; redução na área de terras aráveis; escassez de água e problemas climáticos. Segundo o premiê, uma prioridade maior será dada às principais províncias produtoras de grãos na implementação de políticas que deem suporte à produção. Mais recompensas financeiras devem ser fornecidas para os maiores projetos destinados a industrializar a produção de grãos.
Enquanto o aumento nos gastos é o menor em três anos, "o orçamento ficou dentro de nossas expectativas, já que o crescimento da receita fiscal da China na segunda metade do ano passado diminuiu", disse Baoping, do Centro de Pesquisa de Economia Rural. Ele acrescentou que a agricultura enfrenta mais desafios este ano devido a maior ocorrência de desastres naturais, pressão da queda nos preços de produtos agrícolas em meio a demanda fraca, e custos maiores de produção.
De acordo com o primeiro-ministro, o país irá elevar os preços mínimos de compra "significativamente", e irá manter os preços de produtos agrícolas estáveis e em níveis razoáveis para encorajar os produtores a plantarem mais. Em média, o preço mínimo de compra de trigo será elevado em 0,22 yuans por quilo, e o de arroz elevado em 0,26 yuans por quilo. O governo anunciou planos para comprar um total de 62,5 milhões de toneladas de milho e arroz desde o fim do ano passado, o que representa mais que o dobro em relação ao mesmo período do ano anterior.
As cotações globais dos grãos devem cair abaixo dos preços domésticos em meio ao aprofundamento da crise econômica, resultando em um aumento das importações e pressionando as reservas estatais, de acordo com Baoping. Segundo o Ministério das Finanças, o governo planeja gastar 178,05 bilhões de yuans para aumentar as reservas de grãos e óleos comestíveis este ano, uma alta de 61%. O governo pretende estabilizar a produção de grãos este ano em 500 milhões de toneladas, segundo relatório da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. No ano passado, a produção de grãos atingiu 528,5 milhões de toneladas. O país quer estabilizar os preços de produtos como grãos, óleos vegetais, algodão, açúcar e carne suína, de acordo com o relatório.